Pesquisa global sobre musgos mostra importância destas pequenas plantas
Com seu tamanho discreto, os musgos podem não aparentar, mas desempenham um papel importante para ecossistemas em todo o planeta. É o que indica o estudo de uma equipe internacional de quase 50 pesquisadores, que estimam que estas plantas cobrem 9,4 milhões de quilômetros quadrados ao redor do mundo, área similar à da China.
David Eldridge, cientista da Universidade de New South Wales, na Austrália, afirma que os pesquisadores ficaram surpresos com tudo que observaram que os musgos são capazes de fazer. Ele exemplifica com o estado de suspensão que estas plantas assumem ao ficar sem água. “Pegamos musgos de mais de 100 anos, borrifamos água e os vimos voltar à vida. Suas células não se desintegram como as de plantas convencionais,” afirma.
A equipe coletou amostras destes vegetais em centenas de locais em oito ecossistemas distintos — de desertos na Austrália ao frio da Antártida, passando por ambientes urbanos e florestas. Ancestrais de todos as demais plantas, os musgos seguem sendo importantes para o planeta, participando do ciclo de substâncias como o nitrogênio e fósforo, além de armazenar cerca de 6,43 bilhões de toneladas métricas de carbono.
Os musgos também apresentaram o potencial de controlar agentes patogênicos para plantas, contendo genes capazes de afastar pragas não somente deles próprios, mas também de outras espécies vegetais em seus arredores. Essa capacidade, associada às quantidades de carbono, nitrogênio e fósforo disponíveis no solo pela presença dos musgos, seriam essenciais para um aumento na biodiversidade das áreas que eles ocupam. Esse papel se torna ainda mais importante em regiões áridas como desertos e tundras.
Com tantos benefícios em um organismo tão pequeno, Eldridge destaca como podemos aproveitar o potencial destas plantas para remediar impactos ambientais. “Os musgos podem ser o veículo perfeito para iniciar a recuperação de solos urbanos e naturais gravemente degradados,” conclui o pesquisador.