Microplásticos podem “grudar” nas vias aéreas superiores de humanos
Os microplásticos são partículas minúsculas que se tornaram uma preocupação global. Gerados a partir da degradação de produtos plásticos, eles oferecem riscos ambientais e à saúde humana — já foram encontrados nos pulmões e até no leite materno.
Em um novo estudo, pesquisadores da Austrália, do Irã e de Bangladesh descobriram que podemos inalar cerca de 16,2 bits de microplástico a cada hora. Publicado no periódico Physics of Fluids nesta terça-feira (13), o trabalho contou com um modelo computacional de dinâmica de fluidos para analisar o transporte e a deposição de microplásticos nas nossas vias aéreas pulmonares superiores.
A equipe simulou o transporte de microplásticos com diferentes formas (esféricas, tetraédricas e cilíndricas) e tamanhos (1,6, 2,56 e 5,56 mícrons), sob condições de respiração lenta e rápida. Após os testes, os pesquisadores detectaram que os microplásticos tendem a se acumular em pontos quentes na cavidade nasal e na orofaringe, ou na parte posterior da garganta.
A morfologia altamente assimétrica e complexa da via aérea superior influencia os campos de fluxo e o movimento do microplástico, juntamente com a taxa de fluxo e a forma das partículas. Isso porque as condições respiratórias e o tamanho do microplástico influenciam na sua deposição no nosso sistema respiratório.
Para os autores, o estudo destaca a preocupação com a exposição e inalação desses poluentes. “Milhões de toneladas dessas partículas microplásticas foram encontradas na água, no ar e no solo. A produção global de microplástico está aumentando, assim como a densidade de microplásticos no ar”, diz Mohammad S. Islam, um dos autores da pesquisa, em comunicado.
A equipe espera que os resultados possam ajudar a informar agências regulatórias e órgãos de saúde. “Este estudo enfatiza a necessidade de maior conscientização sobre a presença e os potenciais impactos à saúde dos microplásticos no ar que respiramos”, comenta o autor YuanTong Gu.
Em futuras pesquisas, os cientistas planejam analisar o transporte de microplástico em grande escala, com um modelo de pulmão específico para cada paciente, que inclui parâmetros ambientais como umidade e temperatura.