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Frutas recém-descobertas são cultivadas no Jardim Botânico

Frutas recém-descobertas são cultivadas no Jardim Botânico
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Canteiro com 23 mudas de árvores frutíferas foi inaugurado em celebração aos 215 anos do parque no Rio; dessas, três são inéditas e cinco estão em perigo de extinção

Por Caila Araújo

Em vez de bolo de aniversário, fruta. Não é discurso fitness, mas, sim, uma iniciativa de conservação. Nos 215 anos do Jardim Botânico, o Rio ganha de presente um canteiro inteiro com mudas de 23 espécies de árvores frutíferas nativas da Mata Atlântica e da Amazônia. Dessas, cinco são consideradas em perigo de extinção e três são inéditas, fruto — literalmente — de descobertas recentes, cujo anúncio ainda será publicado em revistas científicas.

O canteiro será inaugurado hoje, dia do aniversário do parque, e já estará aberto aos visitantes. As árvores recém-identificadas sequer ganharam nome científico, o que só acontece após a publicação oficial feita por pesquisadores. Já são conhecidas, no entanto, por seus curiosos nomes populares: guaquica-azul, jabuticaba-caipirinha e veludo-negro. Quando crescerem, as mudas cultivadas no Jardim Botânico vão produzir as frutas que são da família da goiaba e da pitanga.

Esse é um ponto que a gente vai fazer questão de levar o visitante para conhecer e, quem sabe, daqui a uns anos, provar as frutas. Por enquanto são mudinhas pequenas, ainda precisam crescer mais”, conta o coordenador de Coleções Vivas do JBRJ, Marcus Nadruz.

‘Pé de drinque’: a espécie recém-descoberta, ‘jabuticaba-caipirinha’, ainda sem nome científico (Foto: Divulgação/Jardim Botânico)

Há cinco espécies frutíferas incluídas em alguma categoria de risco plantadas no novo canteiro. Em perigo de extinção estão o butiá-roxo, uma espécie de palmeira, a pitanguinha-de-mattos, a jabuticaba-peluda e o jenipapo-da-flor-linda. A guabiroba-peluda está em risco vulnerável, uma classificação mais branda.
Através de trilhas guiadas, o Instituto Jardim Botânico pretende sensibilizar o público sobre a importância da conservação.

São espécies novas para a ciência, nunca antes descritas. Foram descobertas há pouco, então não foram nomeadas cientificamente. Dentre as outras 20 espécies, são frutas nossas e que a gente desconhece. Tem muita coisa para se conhecer na nossa flora”, conta o coordenador de Coleções Vivas do JBRJ, Marcus Nadruz.

Para ele, o Jardim Botânico é mais do que um parque de passeio.

A gente quer mostrar esse lado mais científico do instituto, aliando a ciência com as nossas pesquisas e atividades de educação ambiental, ao bem-estar da população, que vem para cá passear”, disse.

O Canteiro de Plantas Frutíferas do Brasil foi instalado onde antes ficava o estacionamento da Diretoria de Pesquisas, na Rua Pacheco Leão, 915. O espaço tem 480 metros quadrados e faz parte do plano de expansão do arboreto do Jardim Botânico, com um acervo de plantas frutíferas brasileiras pouco divulgadas. O projeto do canteiro é assinado por Ana Rosa de Oliveira, paisagista do JBRJ.

Muda de pitanguinha-de-mattos, em perigo de extinção (Foto: Divulgação/Jardim Botânico)

Segundo Marcus, a estimativa da produção comercial de frutas em nível mundial gira em torno de 40 espécies. “Esse número é irrisório comparado a tantas outras, em sua grande maioria com pouco ou nenhum valor econômico, ainda selvagens ou semicultivadas e menos conhecidas”, observa o pesquisador.
Para Nadruz, o Brasil é um País privilegiado pela diversidade de suas frutas nativas. A Amazônia e a Mata Atlântica, destaca ele, apresentam centenas de espécies frutíferas, constituindo autênticos pomares.

Poucas de nossas frutíferas têm sido coletadas e domesticadas como fizeram com os maracujás, as jabuticabas, os abacaxis e as goiabas. Algumas estão em processo de domesticação e cultivo, como o cupuaçu, o abiu. Mesmo entre as espécies conhecidas, há frutíferas de qualidade excepcional que necessitam ser cultivadas e difundidas para garantir a preservação da variação intra e interespecífica”, afirma o pesquisador.

Fonte: Um Só Planeta

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Trajano Xavier

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