Plástico “compostável” não se decompõe no oceano, revela estudo
Um novo estudo conduzido por Sarah-Jeanne Royer e sua equipe do Scripps Institution of Oceanography da Universidade da Califórnia, em San Diego revelou que plástico compostável persiste inalterado em ambientes marinhos por pelo menos 14 meses.
A pesquisa, publicada na revista de acesso aberto PLOS ONE e divulgada hoje pelo jornal Sci Tech Daily, alerta para o fato de que chamar plásticos compostáveis, como o PLA, de biodegradáveis, pode ser enganoso.
A pesquisa enfatiza a diferença entre materiais têxteis como o PLA, que podem ser compostados em um contexto industrial gerenciado, e aqueles como tecidos à base de celulose que são capazes de se biodegradar em ambientes naturais.
A acumulação e persistência de resíduos plásticos à base de petróleo no oceano é um dos principais problemas ecológicos enfrentados pela vida marinha. Itens plásticos macroscópicos, como redes de pesca, garrafas de água descartadas, que entram no oceano podem persistir por décadas em sua forma original; mesmo quando se decompõem em pedaços microscópicos, chamados microplásticos, não são biodegradados, mas permanecem poluentes indigeríveis que permeiam os oceanos.
Nos últimos anos, foram desenvolvidos substitutos para substituir os plásticos à base de petróleo, com a intenção de reduzir o uso de combustível fóssil na criação de produtos de plástico e fornecer um resíduo mais benigno ao meio ambiente quando o item é descartado, por meio da compostagem.
Um dos substitutos mais populares é o ácido poliláctico (PLA), um polímero de ácido láctico derivado da fermentação de açúcares e amidos. O PLA se decompõe novamente em ácido lático nas altas temperaturas encontradas em grandes pilhas de compostagem; no entanto, não o faz de forma confiável ou rápida em condições mais frias.
Para examinar o destino do PLA em um ambiente marinho natural, os autores submergiram amostras de PLA, juntamente com amostras de materiais à base de petróleo, materiais à base de celulose e uma mistura de materiais à base de celulose e à base de petróleo, em gaiolas nas águas costeiras de La Jolla, Califórnia. As amostras foram examinadas semanalmente em busca de evidências de desintegração e devolvidas ao oceano após algumas horas.
Os autores descobriram que o material à base de celulose se degradou rapidamente, em menos de um mês. Análises químicas de laboratório confirmaram que a celulose havia sido amplamente decomposta por processos biológicos por meio da produção de CO2, e não por simples desgaste mecânico. Por outro lado, nem o plástico à base de petróleo, nem a mistura, nem o PLA apresentaram sinais de degradação ao longo dos 14 meses de experimento.
“Nossos resultados indicam que a compostabilidade não implica degradação ambiental”, disse Royer. “Referir-se a plásticos compostáveis como plásticos biodegradáveis é enganoso, pois pode transmitir a percepção de um material que se degrada no meio ambiente. Plásticos à base de PLA devem ser compostados em instalações apropriadamente controladas para atingir seu potencial como substitutos compostáveis para plásticos à base de petróleo.”
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