A presença do microplástico no sal de cozinha já é uma realidade em todo o mundo. Para verificar, cientistas coletaram 15 marcas de sal de cozinha em supermercados de toda a China.
Com a primeira pesquisa, da revista Environmental Science Technology, encontraram entre os grãos micropartículas de tereftalato de polietileno (PET) de plástico de garrafa de água comum. Bem como polietileno e uma grande variedade de outros tipos de microplásticos.
O maior nível de contaminação de microplástico foi encontrado no sal marinho. Os pesquisadores mediram mais de 550-681 partículas de plástico para cada quilo de sal de mesa.
Cerca de 55% dos microplásticos encontrados medem menos do que 200 µm (o micrômetro equivale à milésima parte do milímetro). Os tipos de microplástico mais encontrados no sal de cozinha foram os tereftalatos de polietileno, seguidos por polietileno e celofane.
O cálculo feito pelos cientistas apontou que um indivíduo que consome a quantidade recomendada de sal pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de cinco gramas, iria ingerir cerca de 1.000 partículas de plástico por ano. Esse valor não chega perto das 11 mil partículas de microplástico anuais que o consumidor europeu ingere, segundo o estudo, mas é preocupante.
Concentração de microplásticos no sal de cozinha varia, mas persiste
Outro estudo publicado pelo The Guardian, feito por Mason, professora da Universidade Estadual de Nova York, em Fredonia, encontrou microplástico em amostras de sal em 21 países, sendo eles o Reino Unido, na França, na Espanha, nos EUA e também na China.
Na Incheon National University, na Coréia do Sul, cientistas realizaram uma revisão sistemática de todos os artigos publicados sobre microplásticos no sal e analisaram as diferenças entre suas metodologias e resultados. Com isso, eles descobriram que a concentração de microplástico no sal de acordo com a literatura varia bastante.
Porém, as análises e experimentos de validação do estudo indicam que provavelmente estamos consumindo muito mais do que o estimado por pesquisas anteriores. Assim, espera-se que esse estudo ajude os cientistas a produzirem dados e análises mais confiáveis.
O sal do mundo está contaminado por microplásticos
Em suma, o sal de cozinha de todo o mundo está contaminado por microplástico, aumentando as evidências de que as pequenas partículas estão se tornando onipresentes no ambiente, indo parar na cadeia alimentar por meio do sal em nossas dietas.
Os pesquisadores acreditam que boa parte da contaminação vem de plásticos descartáveis, como as garrafas de água. Até 12,7 milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos todos os anos. Isso equivale a jogar um caminhão de lixo de plástico por minuto nos oceanos.
Mas a pesca fantasma e outras fontes, como o plástico industrial (nurdles), também podem contribuir. Entenda melhor esse tema nas matérias: “Pesca fantasma: o perigo invisível das redes pesqueiras” e “Plástico nos oceanos: qual sua origem?“.
Quais os danos do microplástico para a saúde?
De acordo com Mason, os americanos podem estar ingerindo mais de 660 partículas de microplásticos por ano. O problema maior é que, devido à falta de grupos de controle (pessoas que não foram expostas ao microplástico), fica difícil realizar pesquisas capazes de verificar o impacto do microplástico no corpo humano.
Entretanto, alguns estudos preliminares já apontam alguns dos riscos à saúde relativos à poluição gerada pelo microplástico.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa de Sistemas Ambientais da Universidade de Osnabrück, na Alemanha, aponta que esse tipo de material pode absorver produtos tóxicos encontrados nos oceanos. Sendo eles:
- Pesticidas
- Metais pesados
- Outros tipos de poluentes orgânicos persistentes (POPs)
Isso faz com que os danos à saúde da biodiversidade sejam muito maiores. Diversas pesquisas já apontam a presença de microplástico em moluscos e peixes (em uma concentração muito mais elevada do que no sal). Isso porque plânctons e pequenos animais se alimentam do plástico contaminado. Ao serem comidos por peixes maiores, propagam a intoxicação.
No fim da cadeia, quando o homem se alimenta desses peixes maiores, está ingerindo também o plástico e os poluentes que se acumularam. Entre os problemas relacionados à intoxicação por POPs estão diversos tipos de disfunções hormonais, imunológicas, neurológicas e reprodutivas.
Como solucionar o problema dos microplásticos?
Para evitar grandes danos, devemos minimizar a entrada de plástico na cadeia alimentar. Você pode começar parando de utilizar esfoliantes que possuam microesferas de plástico e reciclando o plástico que utiliza.
Quanto menos plástico houver no oceano, menos plástico acaba em seu organismo. Saiba como reduzir o uso de plástico no vídeo a seguir: