Revestimento de casca de grãos substitui isopor
Embalagem compostável aproveita subproduto e ainda fornece alternativa ao poliestireno
Ainda que a redução do uso de plástico no cotidiano seja uma medida importante, fato é que certos produtos são de difícil substituição pela falta de alternativas ecológicas. A indústria de embalagens e revestimento é exemplo disso: plástico filme, plástico bolha, isopor – todos materiais poluentes que dificilmente serão reciclados após o uso. Buscando uma opção para substituir especialmente o isopor (poliestireno), a empresa alemã Proservation criou um invólucro reaproveitando cascas de grãos.
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O produto, batizado de Recou, é um material macio que funciona como um absorvedor de impacto. Diferente do isopor encontrado em embalagens comuns, neste caso trata-se de uma solução biodegradável: a película que envolve o grão é misturada com um aglutinante de base biológica que dá forma ao produto. O resultado é um material que pode cumprir a mesma função do isopor, mas após o uso pode ser facilmente compostado na natureza.
“Graças ao nosso aglutinante ecológico especialmente desenvolvido, o Recou pode ser moldado conforme desejado e, devido às propriedades comparáveis do material, tem o potencial de substituir soluções de embalagens petroquímicas, como EPS (isopor) e representar uma alternativa ecologicamente correta para muitas aplicações”, afirma a empresa Proservation.
A casca de grão, matéria-prima principal, não compete com a produção alimentar, segundo a companhia. Estão sendo usadas cascas de espelta (também conhecido como trigo-vermelho), uma vez que estão disponíveis regionalmente e em grandes quantidades. “Temos contato com três fábricas regionais de casca de espelta. Aqui, o material residual se acumula em grandes quantidades ao longo do ano (aproximadamente 1 tonelada por dia por moinho). Na Alemanha, são produzidas anualmente até 125 mil toneladas de casca de espelta”, explica a companhia.
A confecção de cada peça leva de 6 a 8 horas, e o produto geral tem densidade de 120 a 150 kg/m³, o que parece ser o único fator limitante significativo, visto que o isopor pesa quase 70% menos. O Recou também foi projetado para resistir à umidade, não apresentando sinais de mofo facilmente. “No entanto, se o material ficar permanentemente exposto a alta umidade, os processos de decomposição iniciam e pode ocorrer mofo”, reconhece.
Alternativa ao plástico
Os plásticos são fortes, flexíveis e de produção relativamente barata, o que os torna um material atraente para embalar. Entretanto, embora recicláveis, a maioria dos materiais de embalagem convencionais à base de plástico acaba em aterros ou chegam até o mar – duram séculos e são responsáveis por impactos ambientais significativos ao longo de todo o seu ciclo de vida. Por isso, pesquisas para substituir esse material têm sido cada vez mais comuns. Abaixo, o CicloVivo destaca algumas alternativas já testadas ou em desenvolvimento para a indústria da embalagem.