Rede de comida saudável Kiwi SuperFoods adota medidas para eliminar plástico da rede em até 2 anos
ede de restaurantes de comida saudável aposta na economia circular e visa conscientizar o consumidor para os cuidados com o meio ambiente
Dados do “Atlas do Plástico” – estudo realizado pela organização alemã Fundação Heinrich Böll – apontam que, somente no Brasil, são produzidas mais de 11 milhões de toneladas de plástico ao ano, o que coloca o país na quarta colocação de maior produtor de lixo contendo este material em todo o mundo. Por si só, estes números já seriam alarmantes, mas o levantamento apontou, ainda, que apenas 1,28% deste total é reciclado.
Felizmente, já há um grande número de empresas que, de olho na redução dos resíduos produzidos e na crescente preocupação com o meio ambiente, vêm adotando medidas que se enquadram na chamada “economia circular”.
É o caso, por exemplo, da rede franqueadora de restaurantes de comida saudável e biomercados, Kiwi SuperFoods, que pretende eliminar o uso do plástico em até dois anos.
Mas, afinal, o que é exatamente essa economia? Quem explica é a diretora de operações da Rede, Danielle Campos Leão. “Nosso lema é ‘quando se compra algo, é o mesmo que dizer quero ver mais disso no mundo’. A partir daí, foi inevitável adotar a economia circular no modelo de negócio. E o que fazemos é nos basearmos na própria natureza. No meio ambiente, por exemplo, o resto das frutas comidas pelos animais vira adubo para as plantas, que poderão gerar novas frutas para alimentá-los e isso forma um ciclo virtuoso. Transportando para o caso da Kiwi SuperFoods, as laranjas que comercializamos no biomercado poderão ser usadas como ingredientes em nossos pratos ou servidas em forma de suco produzido na hora. Já a casca e o bagaço vão para compostagem e virarão adubo. Com isso geraremos o mínimo possível de resíduos”.
Especialmente no que se refere ao plástico, a adoção de medidas de contenção do consumo se intensificou no ano passado, principalmente por conta da pandemia.
“O delivery é um dos grandes responsáveis pelo aumento do consumo do plástico e, ao percebermos isso, em 2020, passamos a fazer as entregas em embalagens de papel para todos os itens do cardápio, em substituição ao plástico e isopor, comumente usados e que têm um tempo de degradação muito maior. Hoje, somos certificados com o selo “Eu reciclo”, o que demonstra nossa preocupação com a diminuição da geração de uso de plástico, que já chegou a 2,5 toneladas ao ano”, diz Danielle.
A executiva, que já defendia a bandeira da sustentabilidade em outras empresas em que atuou, ainda conta que o negócio tem como base quatro pilares principais: a saudabilidade – em que são oferecidos apenas produtos orgânicos, naturais e que tenham sido produzidos de forma agroecológica –; sustentabilidade, com menor geração de resíduos; e o consumo consciente.
“Procuramos criar nos nossos clientes a consciência da necessidade de consumir de forma sustentável. Para isso, apostamos na venda de produtos a granel, que poderão ser colocados em embalagens de vidro no momento da compra.
Outro ponto importante é que também trabalhamos com a ideia do ‘farm to table’, em que nossos produtos são comprados direto da fazenda e, desta forma, eliminamos muitas etapas da logística.
Neste sentido, as hortaliças estarão dispostas em um sistema de hidroponia, em que o cliente poderá, ele mesmo, colher aquilo que ele vai levar para casa. Desta forma, evita-se tanto a degradação do alimento quanto seu desperdício. Ao fim do dia, o que não foi comercializado continuará fresquinho e pronto para ser colhido e vendido no outro dia”, diz.
O quarto pilar é a valorização dos pequenos produtores locais, não apenas por questões logísticas, visando à diminuição de custos e gastos com transportes em longas distâncias.
“Fizemos uma seleção criteriosa dos nossos fornecedores e selecionamos apenas aqueles que contam com práticas sustentáveis e ecológicas.
Além disso, adotamos um QR Code no qual os clientes poderão conhecer a história que está por trás daquele produto. Assim, oferecemos algo que é fruto não apenas de um processo produtivo, como também de uma boa história. Nosso intuito, com isso, é agregar valor e experiência, além de difundir a cultura local”.
Crescente demanda por comida saudável gera oportunidade de negócios
Nicho de mercado atrai a atenção de redes tradicionais e impulsiona outras que já seguiam esta linha
Pesquisas apontam que a busca por uma alimentação mais saudável e que possa auxiliar na prevenção de doenças deixou de ser um modismo passageiro e foi incorporada de vez à vida de muitos. É o que aponta o levantamento realizado pela Qualibest em parceria com a consultoria especializada em Food Service, Galunion. Segundo a pesquisa, 75% dos consumidores disseram que gostariam de comprar comida gostosa, fresca e que ajudasse na imunidade, na sua saúde e na da sua família.
Outro dado que corrobora esta afirmação, sobretudo neste cenário atual, é o Estudo NutriNet Brasil, iniciativa do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP) que identificou que a frequência no consumo de alimentos saudáveis aumentou de 40,2% para 44,6% durante a pandemia. E esta crescente demanda vem gerando boas oportunidades de negócios tanto para redes tradicionais quanto para aquelas que já nasceram seguindo esta linha. E as apostas são as mais variadas.
Há redes que oferecem alimentos plant-based, movimento que vem ganhando força. Prova é o estudo da Galunion que aponta que 33% dos consumidores consideram que as novidades para uma dieta à base de alimentos vegetais integrais são tendências. Entre bons exemplos de empresas que estão de olho no público vegano, vegetariano e flexitariano – aqueles que optaram por reduzir o consumo de proteína animal, mas sem abrir mão totalmente – está a rede de restaurantes vegetarianos, Açougue Vegano, que também fornece artigos congelados para supermercados e empórios como o St Marché e Casa Santa Luzia.
Seguindo esta linha, a Rio Branco Alimentos – detentora das marcas Pif Paf, Fricasa, Ladelli, Pescanobre, Flip e Rio Branco Foods – acaba de lançar uma linha de produtos à base de vegetais, chamada de Club V. E quem não abre mão de um bom fastfood encontra opções no Bob’s, Mc Donald’s e Burger King.
Super alimentos com propósito
Dimitri Rodrigues é um empresário que sempre apostou no poder da alimentação, tanto é que incorporou o conceito ao nome da empresa que fundou, em 2014, a Kiwi SuperFoods. Mas, o que são, afinal? Os chamados super alimentos são aqueles que concentram uma boa quantidade de nutrientes, como vitaminas e sais minerais; além de baixo percentual de calorias, açúcares e serem livres de lactose e/ou glúten e que ainda ofereçam algum benefício funcional ao organismo.
Graças a uma reformulação no modelo de negócio, anexo aos restaurantes, os clientes poderão contar com biomercados que oferecerão uma gama de produtos orgânicos, sem agrotóxicos e de proveniência local. Já os itens de higiene e limpeza não serão testados em animais. No mix de produtos haverá também itens da casa, como pães e pratos prontos. E os produtos prometem agradar a todos os gostos, já que a Rede desenvolveu um hamburguer plant-based cuja receita está guardada a sete chaves.
Dimitri também faz questão de dizer que tudo tem um propósito. “Temos um foco muito grande em responsabilidade social e ambiental. Priorizamos os produtores locais que tenham uma boa história para contar. Em cada embalagem, por exemplo, haverá um QR Code no qual os clientes poderão assistir a vídeos e conhecer quem produziu aquele item”. Outro ponto enfatizado é que em cada unidade haverá um funcionário com Síndrome de Down e um representante da comunidade LGBTQI+.
Rede de comida saudável se reinventa e lança modelo de biomercado a partir de R$ 600 mil
Além do restaurante, Kiwi SuperFoods vai comercializar produtos orgânicos, artesanais e produzidos localmente
A crise não trouxe apenas desafios, mas também oportunidades de diversificação e expansão. Entre os inúmeros exemplos temos o da Kiwi SuperFoods. A rede de franquias de alimentação, com sede na capital mineira, acaba de lançar um biomercado que deverá funcionar em total sinergia com o restaurante, agregando ainda mais valor e relevância ao negócio. Fundada em 2014 por Dimitri Oliveira, a empresa tem como público-alvo pessoas das mais diferentes idades que buscam por um estilo de vida saudável, equilibrando corpo e mente.
A ideia surgiu a partir do recrudescimento da Empresa, em decorrência da proibição do funcionamento dos restaurantes: de um total de 20 unidades, a Rede passou a contar somente com sete, sendo três delas próprias. “A criação do que chamamos de biomercado agregado ao restaurante faz parte da nossa estratégia de sobrevivência. Os restaurantes estão fechados, mas os mercados têm permissão para estarem abertos. O que fizemos foi remodelar o negócio para aproveitar esta oportunidade”, explica.
Oportunidade é uma palavra constante no vocabulário de Dimitri. A sede da empresa está localizado na maior fazenda urbana da América Latina, a BeGreen. E é ali que será instalada a primeira unidade do biomercado. “No nosso escritório e restaurante-matriz/escola havia um espaço que estava desocupado. Consegui negociar o imóvel e iniciamos as obras imediatamente. A partir daí, vivemos o melhor cenário possível: pilotar o novo modelo no mesmo local da franqueadora e loja-escola”, comemora.
Mix de produtos baseado em tríade
A localização também vem facilitando a composição do mix de produtos que tem como base a tríade orgânico, local e artesanal sem perder o foco na sustentabilidade ambiental e social. Entre os grupos haverá itens de padaria produzidos pelo restaurante; vinhos orgânicos e cervejas sem glúten; queijos artesanais, sorvetes low carb, carnes orgânicas, frutas, legumes e verduras. Em relação aos itens fornecidos por produtores locais, Dimitri se mostra categórico. “Homologamos os produtores locais e a rede é obrigada a comprar com eles”.
Além de alimentação, clientes do mercado também poderão contar com itens de higiene e limpeza, beleza sem testes em animais e pouco uso de água, marmitas congeladas para pets, itens de jardinagem e floricultura. “Nossa ideia é sermos diferentes dos mercados tradicionais e oferecermos produtos exclusivos e carregados de boas histórias”.
Dados do setor são animadores
Os cuidados com a alimentação e a saúde já deixaram o status de modismo para ser uma tendência consolidada e muito lucrativa. E isso se intensificou com a pandemia, principalmente por conta das preocupações com a imunidade. Isso é o que mostra uma pesquisa realizada pela Galunion, em parceria com o Instituto Qualibest. Segundo o estudo, 75% dos consumidores disseram que gostariam de comprar comida gostosa, fresca e que ajudasse na imunidade, na própria saúde e da família.
A partir daí, alimentos como os fornecidos pela Kiwi SuperFoods ganharam ainda mais atratividade. Entre os exemplos o estudo aponta um aumento no consumo de bebidas, como o kombucha, uma opção mais natural em relação ao refrigerante; e o matcha; além de condimentos como o coreano Gochujang e a cúrcuma.
Expansão e investimentos
A intenção da Rede é abrir 10 unidades em dois anos em capitais brasileiras. O investimento inicial é de R$ 400 mil. Neste valor estão incluídos a taxa de franquia, R$ 50 mil; investimento em obras e capital de giro. “Ganho de escala com aumento do giro de produtos, ampliação das oportunidades de venda, do faturamento e lucratividade; aumento do ticket médio e ampliação da área de influência do negócio são algumas das vantagens que oferecemos aos nossos franqueados, sem contar na rede de suporte desenhada especialmente para a Kiwi SuperFoods”, completa Dimitri.
Fonte: Jornal Dia a Dia