Quase extinta, ave gigante ameaça transição energética na Índia
A região onde vive o pássaro raro é também o local ideal para projetos eólicos e solares
A grande abetarda indiana é digna de pena. O majestoso pássaro ameaçado de extinção é enorme e faz manobras lentas. Sua visão frontal é limitada e a ave olha para o chão quando sobrevoa as pastagens planas do oeste da Índia. Por isso, a espécie frequentemente se choca com linhas de transmissão de eletricidade.
Quem também merece pena ultimamente são os desenvolvedores de projetos de energia renovável no país.
A região onde vive o pássaro raro é também o local ideal para projetos eólicos e solares. Na tentativa de impedir que as abetardas se choquem com linhas de transmissão, uma decisão da Suprema Corte exige que as linhas em grande parte da região sejam enterradas. As empresas argumentam que isso acarretaria US$ 4 bilhões em despesas adicionais e prejudicaria projetos já autorizados que somam quase 20 gigawatts de energia solar e eólica.
O esforço para salvar a abetarda também coloca em risco uma causa ambiental ainda maior. Segundo as empresas, a iniciativa pode prejudicar o alcance das metas climáticas da Índia, que dependem bastante da disponibilidade de terras planas — como o local onde vive a abetarda — para instalação de painéis solares e turbinas eólicas.
“Toda a indústria renovável, especialmente a solar, pode ser paralisada”, disse Parag Sharma, CEO da O2 Power, que está construindo uma fazenda solar de 780 megawatts na cidade de Jaisalmer. “Não é possível encontrar terrenos com tanta facilidade em nenhum outro lugar do país”.
Extinção é ‘certeza’
A decisão judicial de abril decorre de uma petição apresentada em 2019 pelo ativista M.K. Ranjitsinh Jhala. Os juízes basearam a ordem em um relatório do Instituto de Vida Selvagem da Índia, órgão governamental que concluiu que “a menos que a mortalidade nas linhas de energia seja mitigada com urgência, a extinção das abetardas é uma certeza”.
O tribunal decidiu que todas as linhas de baixa tensão, incluindo as já existentes, precisam ser enterradas. O problema, segundo as empresas de energia, é que o tribunal foi muito além da prescrição do relatório. Enquanto o instituto recomendou enterrar cabos na região onde a maioria das aves vive, o tribunal também pediu ação em habitats potenciais, expandindo a área de proteção e o custo para as empresas.
Fonte: Jornal Fatos e Notícias