Albatroz-de-nariz-amarelo resgatado em Trairi, no CE, volta à natureza no RN
Albatroz-de-nariz-amarelo encontrado no dia 12 de junho por pescadores na Praia de Mundaú, município de Trairi, litoral oeste do Ceará, está de volta ao seu habitat natural. O animal, que estava apático e com dificuldades para voar, foi mantido em residência de uma colaboradora da localidade até ser resgatado pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). A ave, que recebeu tratamento e reabilitação pela equipe do Centro de Reabilitação de Fauna Marinha do Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB) – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), foi solta no dia 2 de julho, na Praia de Upanema, município de Areia Branca, no Rio Grande do Norte.
O animal foi encaminhado pela Semace para o PCCB-UERN, em Areia Branca (RN), onde passou por tratamento veterinário especializado para ser devolvido à natureza. Logo que a ave deu entrada ao Centro de Reabilitação do PCCB-UERN foi iniciada uma minuciosa avaliação física e investigação clínica do animal para determinar as causas da debilidade e limitação do voo.
No exame, foi verificado que o albatroz-de-nariz-amarelo tinha todas as penas de uma das asas cortadas, propositalmente, daí a incapacidade de voo e vulnerabilidade clínica. A espécie em questão tem total dependência das penas, seja para auxiliar na termorregulação ou para desenvolver seus comportamentos instintivos. O albatroz-de-nariz-amarelo é capaz de mergulhar até um metro de profundidade para obter seus alimentos (lulas, peixes e alguns crustáceos), que também podem ser capturados por meio de voos rentes à superfície no mar.
Entretanto, para isso, é essencial a integridade total de suas penas, além de satisfatória condição clínica e física. Por essa razão, além de todo protocolo terapêutico veterinário instituído, a equipe técnica do Projeto Cetáceos da Costa Branca teve a preocupação de restabelecer a condição das penas do animal. Foi necessária a realização do procedimento conhecido como feather imping (implante de penas), técnica muito pouco difundida no Brasil e raramente relatadas em aves marinhas.
Para ser possível a execução da atividade, diversos gansos domésticos foram selecionados e utilizados como doadores, sendo as penas escolhidas uma a uma para que todos os requisitos necessários fossem criteriosamente cumpridos, quanto à forma e tamanho, por exemplo. Após a implantação das penas, recondicionamento físico e restabelecimento clínico, o albatroz-de-nariz-amarelo pode ser devolvido à natureza.
Segundo o médico veterinário Augusto Boaviagem, coordenador do Centro de Reabilitação de Fauna Marinha do Projeto Cetáceos da Costa Branca, não é comum chegar animais com as asas cortadas até eles. “Todos os esforços para garantir a reabilitação e posterior soltura de animais marinhos à natureza são necessários, principalmente quando a espécie se encontra como vulnerável à extinção”, completou .
Com informações e fotos do Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB)/UERN