Apesar de não controlarmos a natureza, podemos em certa medida, para o bem e para o mal, interferir. Normalmente é mais para o mal. Apesar disso, há formas de “manipular” os eventos naturais, como a ocorrência de chuva, para combater o calor. A ideia e a execução com sucesso aconteceu no Dubai. O emirado dos Emirados Árabes Unidos usou drones que libertaram cargas elétricas nas nuvens fazendo com que se agrupassem e formassem precipitação.
Apesar da ideia parecer funcional, a verdade é que a chuva foi tanta que está a causar problemas na cidade.
Chuva artificial no Dubai causa inundações
Os Emirados Árabes Unidos são conhecidos pelo seu poder económico e técnicas ousadas de construção. Desta vez, o país investiu na técnica de produção de nuvens para recolher água nas represas e reservatórios. Contudo, esta semana a chuva artificial causou transtornos.
A média acumulada de chuva no país é de aproximadamente 100 mm por ano. Para se ter uma noção, chove em média cerca de 1354 mm por ano no Porto. Para cobrir a falta de recursos hídricos, o país resolveu investir na técnica de produção de nuvens para induzir a chuva e aumentar o nível de água das represas.
Contudo, o resultado da produção não foi sentido somente nas áreas onde ficam as barragens e reservatórios, mas também nalgumas das maiores cidades do país. Na região norte de Dubai, as ruas ficaram parcialmente alagadas e um dos maiores shoppings (Mall of the Emirates) teve que ser evacuado depois de um corte de energia.
Como é produzida a chuva artificial?
Existem várias técnicas, algumas já testadas por países para situações pontuais. A técnica é bastante ousada e inovadora, mas não é inédita. Aliás, a China já utiliza o método há alguns anos.
A produção de nuvens é um tipo de técnica para controlar o tempo e até mesmo o clima com o passar dos anos. O método visa alterar a quantidade ou o tipo de precipitação que cai das nuvens, dispersando substâncias no ar que servem como núcleos de condensação ou de congelamento, que alteram os processos microfísicos dentro da nuvem.
A intenção mais usual é aumentar a precipitação (chuva ou neve), mas a supressão de granizo e nevoeiro também é amplamente praticada em aeroportos onde são vividas condições climáticas adversas. Aliás, a Rússia chegou em 2017 a usar esta técnica para afastar o mau tempo durante os festejos do Dia da Vitória sobre os nazis.
Basicamente, uma aeronave sobrevoa a nuvem escolhida e despeja produtos químicos que induzem a formação de gotas de chuva. A água precipita e a nuvem desaparece. A técnica também é conhecida por ser a primeira demonstração que o homem poderá controlar os eventos meteorológicos no futuro.
Os produtos químicos mais usados para a produção de nuvens incluem iodeto de prata, iodeto de potássio e gelo seco (dióxido de carbono sólido). O propano líquido, que se expande num gás, também já foi usado. O propano pode produzir cristais de gelo em temperaturas mais altas que o iodeto de prata. Após investigações promissoras, o uso de materiais higroscópicos, como sal de mesa, está a tornar-se mais popular.
O método usado no Dubai recorreu a diversos drones que fizeram descargas elétricas nas nuvens, sem recurso a químicos, de forma a produzir chuva artificial e assim aumentar a precipitação da região.