A saíra-apunhalada é uma das aves mais ameaçadas do mundo, sendo a sua população estimada em 11 indivíduos, por isso, garantir a segurança dos dois ninhos encontrados é a missão dos pesquisadores, que lutam para garantir a sobrevivência da espécie
Com uma população de apenas 11 indivíduos maduros, a saíra-apunhalada é considerada uma das aves mais ameaçadas do mundo e, por isso, também uma das mais raras. Seu habitat é restrito a uma faixa de Mata Atlântica de altitude de aproximadamente 400 hectares nas montanhas do Espírito Santo e, desde 2016, pesquisadores atuam para garantir a sobrevivência da espécie.
Uma das estratégias adotadas pela equipe do Instituto Marcos Daniel (IMD), que coordena o programa de conservação da ave, é identificar e proteger os ninhos das saíras-apunhaladas. Em 2020, um único ninho foi encontrado e protegido pelos pesquisadores para garantir o sucesso reprodutivo. Deu certo e mais dois filhotes de saíra nasceram e se juntaram à pequena população da ave. Neste ano, dois ninhos foram encontrados e os cientistas irão repetir a fórmula bem-sucedida da vigília constante para garantir que outros filhotes se somem ao bando.
Para garantir que os preciosos ninhos e filhotes estarão a salvo de predadores e outras ameaças, inclusive humanas, os pesquisadores montaram uma vigília que seguirá ininterrupta ao lado de cada um dos ninhos. Quando os filhotes deixarem o ninho, a equipe continuará de olho através do monitoramento diário do bando até a próxima temporada reprodutiva, na primavera seguinte.
“É um trabalho árduo, feito dia a dia por pessoas extremamente apaixonadas pela proteção das espécies ameaçadas e especialmente dessa que é a única ave que só existe aqui no Espírito Santo. Se não conseguirmos reverter sua situação, ela desaparecerá do planeta”, alerta Marcelo Renan de Deus Santos, coordenador-geral do Programa de Conservação da Saíra-Apunhalada (PCSA) e presidente do IMD.
Apesar de lento, é de ninho em ninho e filhote em filhote que os pesquisadores esperam aumentar a população de saíra-apunhalada e salvá-la da extinção. “Se a gente conseguir garantir que esses dois indivíduos que nascem na temporada reprodutiva sobrevivam, com o passar do tempo vamos começar a ter o aumento populacional, principalmente se esses bandos começarem a aumentar e se dividirem, porque aí vamos começar a ter mais ninhos simultaneamente. O fundamental em termos de ação direta é essa proteção dos ninhos e garantia da proteção da espécie. Nós temos uma equipe de 16 biólogos para conseguir acompanhar as aves e monitorar os ninhos. É um trabalho intenso, com um resultado que a gente entende que é pequeno e de longo prazo, que exige muita perseverança, porque é de dois em dois filhotes que eles vão chegar em 200 e garantir a sobrevivência da espécie”, explicou Marcelo em entrevista dada em maio deste ano.
Fonte: Jornal Fatos e Noticias