Espécie de coruja é vista em floresta de Gana pela 1ª vez em 150 anos
Considerada um “santo graal” para os observadores de pássaros, a ave ameaçada de extinção “Bubo shelleyi” ficou praticamente fora dos registros desde a década de 1870
Desde a década de 1870, corujas da espécie Bubo shelleyi nunca mais foram vistas nas florestas tropicais de Gana, protagonizando somente algumas raras aparições em cativeiro em outros países. Após mais de 150 anos, as aves foram finalmente redescobertas no país da África Ocidental, segundo divulgaram cientistas britânicos na última quinta-feira (21).
Descritas originalmente em 1872 por Richard Bowdler Sharpe, curador da coleção de pássaros do Museu de História Natural de Londres, as corujas B. shelleyi foram poucas vezes registradas na natureza. As únicas fotos dessa espécie foram tiradas em 1975 de um exemplar que vivia em um zoológico na Bélgica. Além dessas imagens, uma controversa foto pixelada foi feita no Congo em 2005, mas possivelmente não retratava a espécie em questão.
Fora isso, houve apenas alguns relatos isolados de pessoas que dizem ter escutado ou visto rapidamente a coruja em algumas regiões da África Ocidental e Central. Então, quando o pesquisador Joseph Tobias, da Imperial College London, finalmente avistou a ave no último dia 16 de outubro, ele sabia que estava diante de uma descoberta importante — um “santo graal” para os observadores de pássaros.
A ave foi avistada pelo grupo de cientistas liderado por Tobias durante o dia, na floresta de Atewa, em Gana. “Era tão grande que, a princípio, pensamos que fosse uma águia”, recorda o líder da pesquisa de campo, em comunicado. “Felizmente, ela se empoleirou em um galho baixo e, quando erguemos nossos binóculos, nosso queixo caiu. Não há nenhuma outra coruja nas florestas tropicais da África tão grande”.
O avistamento foi rápido, de 10 a 15 segundos, mas esse curto espaço de tempo foi suficiente para fotografar o animal e confirmar a espécie. A identificação considerou as características típicas da ave: bico amarelo, olhos pretos e, claro, seu grande comprimento, que varia de 53 a 61 centímetros.
A coruja está classificada como vulnerável à extinção, com somente alguns milhares de espécimes criados em cativeiro ao redor do mundo. A B. shelleyi vive em um local ameaçado pela extração ilegal de madeira e mineração da rocha bauxita. Grupos ambientalistas, como o Amigos de Atewa, estão atualmente trabalhando em um lobby para conservar o habitat desses animais como um parque nacional.
A expectativa é que a redescoberta da coruja ajude a mantê-la na natureza. “Esperamos que este avistamento chame a atenção para a floresta de Atewa e sua importância para a conservação da biodiversidade local. Esperançosamente, a descoberta de uma coruja tão rara e magnífica impulsionará esses esforços para salvar uma das últimas florestas selvagens em Gana”, afirma Robert Williams, ecologista que participou do estudo de campo.
Fonte: Revista Galileu