Estudantes mexicanos transformam bitucas de cigarro em celulose
Uma única ponta de cigarro pode contaminar até 50 litros de água doce e 13 litros de água salgada. Quando molhada, libera hidrocarbonetos e metais pesados que alteram até o pH do solo, o que diminui a germinação de plantas e raízes. Quando seca, ainda que apagada, continua emitindo 14% da nicotina para o meio ambiente. Todos os anos, mais de 14 trilhões delas acabam nas ruas, parques, praias, rios, lagos e oceanos, onde liberam mais de 7 mil substâncias tóxicas.
Foi pensando em mitigar esse panorama que estudantes mexicanos desenvolveram um projeto para dar um novo destino a este poluente. Tudo começou quando biólogos da região de Serra Madre, no México, levaram para o laboratório um determinado fungo que cresce ao pé das árvores e as devora. Em ambiente controlado, eles criaram condições de temperatura, umidade e pH para que esse fungo crescesse em pontas de cigarro. Durante seu crescimento, o fungo inoculado libera enzimas que quebram as substâncias químicas das bitucas. O que sobra deste processo é a polpa de celulose do resíduo que, sem as toxinas, pode ser transformada em produtos de papel, derivados de madeiras e produtos para isolamento térmico e acústico, entre outros. Para coletar as bitucas, o projeto conta com organizações que recolhem garrafas plásticas cheias delas e, em dois anos de trabalho, já tratou cerca de quatro toneladas de resíduos.
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Com resíduos de cigarro…
Com esse mesmo objetivo, em 2016, foi inaugurada a primeira usina brasileira de reciclagem de resíduos de cigarro, desenvolvida com tecnologia 100% nacional. Estamos falando do Poiato Recicla, projeto que traz a solução completa para gestão e descarte deste resíduo. De abrangência nacional, o Programa disponibiliza caixas coletoras em estabelecimentos comerciais, universidades, espaços públicos e escritórios para depósito das bitucas. Depois de coletadas, elas são transformadas em massa celulósica destinadas a oficinas de arte para produção de papel artesanal. Além disso, o programa também tem um viés socioeducativo para o público que frequenta as instituições que dele participam.
Fonte: Razões para Acreditar