Pensando nisso, fizemos uma lista com 10 espécies que ocorrem no Pantanal e são icônicas para a maior planície alagável do mundo:
1 – Tuiuiú (Jabiru mycteria)
Apesar de não ser uma espécie endêmica do Pantanal (que se encontra unicamente nesse bioma) é considerada a ave símbolo do bioma de acordo com a Lei 5950/1992. Se encontra na categoria pouco preocupante da Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza – sigla em inglês).
Essa “cegonha” pode ser encontrada desde o Sul do México até o norte da Argentina, mas tendo 50% de sua população presente no Brasil, principalmente na planície pantaneira. É a maior ave capaz de voar do Pantanal, podendo alcançar 1,60 m de altura e uma envergadura de 3 m. Essas aves possuem um cardápio bem variado, se alimentando de peixes, moluscos, répteis, anfíbios, insetos e até pequenas aves e mamíferos.
Por estar localizado em outras regiões do Brasil, essa espécie pode ser conhecida por outros nomes populares, como Jaburu, Jabiru, Jaburru, Tuim-de-papo-vermelho, Tuiguaçu, Tuiú-quarteleiro, Tuipara, Rei-dos-tuinins, Cauauá, entre outros.
2 – Onça-pintada (Panthera onca)
É a rainha das matas das Américas e do Pantanal, e sendo a única espécie presente do gênero Panthera. Seu Estado de Conservação é considerado vulnerável pela IUCN.
Esse felino está no topo da cadeia alimentar do Pantanal, tendo um cardápio extremamente variado, como capivaras, jacarés, queixadas, antas e cutias entre outros. Estima-se que cerca de 80 espécies diferentes façam parte de seu cardápio.
Um felino extremamente musculoso, podendo medir até 2,5 m de comprimento e, em média, pesam entre 65 e 100 kg, porém machos com 148 kg já foram registrados no Pantanal. Têm a mordida mais poderosa entre os felinos, inclusive mais forte que a do tigre e a do leão, proporcionalmente em relação ao peso e tamanho.
É um animal com hábitos predominantemente crepusculares e noturnos, sendo mais ativo ao anoitecer e ao amanhecer, embora não seja raro encontrá-lo se deslocando e caçando durante a luz do dia. Sua área de vida varia muito, de acordo com o ambiente, a disponibilidade de presas e a densidade populacional de outras onças.
A fragmentação de habitats e a perda de áreas de floresta em razão da ação humana são as principais ameaças às onças-pintadas. Áreas desmatadas para a produção agropecuária e expansão de cidades diminuem as áreas de vida desses predadores, diminuindo também a disponibilidade de presas naturais.
3 – Jacaré-do-pantanal (Caiman yacare)
É uma espécie que habita áreas alagadas da Bolívia, Pantanal, Paraguai e Argentina. Seu Estado de Conservação é considerado pouco preocupante de acordo com a IUCN, mesmo sendo uma espécie que sofre bastante com a caça ilegal por conta de seu couro.
Essa espécie pode atingir cerca de 3 m de comprimento, mas apesar do tamanho, ainda é menor e menos agressivo que o Jacaré-açu (Melanosuchus niger) da Amazônia. O Jacaré-do-Pantanal é considerado um dos maiores predadores das águas do Pantanal.
Se alimenta de vários animais, como peixes, aves, mamíferos, moluscos e até mesmo outros répteis. Uma curiosidade deste incrível animal, é que eles fazem ninhos nas matas na borda dos rios, próximos a lagoas e também na vegetação flutuante (conhecidas como ilhas de aguapé). Estudos da Embrapa Pantanal concluíram que a temperatura de incubação dos ovos pode determinar o sexo dos filhotes.
4 – Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)
Possui uma longa extensão de distribuição, presente em todos os biomas brasileiros, e em diversos países da América Latina. Seu Estado de Conservação é considerado vulnerável pela IUCN.
Esse grande mamífero pode chegar a medir em torno de 2 m de comprimento e pesar cerca de 45 kg. Um pouco lento, mas que ao se sentir ameaçado se levanta, mostrando as garras e assim, afugentando uma ameaça.
Sua principal fonte de alimento são formigas e cupins, que ele consegue pegar graças às suas longas garras, que facilitam para que esse animal consiga quebrar cupinzeiros e cavar formigueiros, e seu longo focinho que comporta uma língua comprida e pegajosa, facilitando a captura dos insetos. Um tamanduá-bandeira pode comer cerca de 30 mil formigas e cupins por dia.
5 – Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus)
Considerada a maior espécie de arara em todo o mundo, podendo atingir cerca de 98 cm de comprimento e pesar em torno de 1,3 kg. Graças aos esforços do Projeto Arara Azul, a espécie subiu uma posição no grau de ameaça da Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, passando de “Em perigo” para “Vulnerável”
Pode ser encontrada principalmente no Pantanal abrangendo o Pantanal Boliviano, Paraguaio e Brasileiro, além de alguns estados ao norte do Brasil, como Amazonas e Pará. E há registros nos estados do Maranhão, Bahia, Piauí, Tocantins e Goiás.
Possui alimentação especializada em frutos de palmeiras, por isso no Pantanal essa espécie se alimenta principalmente de coquinhos bocaiúva (Acrocomia totai) e acuri (Schelea phaleata).
Uma curiosidade acerca da reprodução, é que no Pantanal, cerca de 90% dos ninhos desta ave se encontram em uma única espécie de árvore, o Manduvi (Sterculia apetala). A Arara-azul-grande passa boa parte da sua vida em casal.
6 – Ariranha (Pteronura brasiliensis)
Possui uma extensa distribuição geográfica do Pantanal à Amazônia, mas o Pantanal é uma das maiores áreas de ocorrência da espécie. Seu Estado de Conservação é considerado “Em perigo” pela IUCN.
Medem em média 1 m de comprimento, podendo chegar até 2 m e pesam em torno de 22 kg, mas alguns machos (que geralmente são maiores) podem alcançar a incrível marca de 34 kg. Se alimentam principalmente de peixes, mas também podem se alimentar de algumas aves, pequenos mamíferos, répteis e até alguns invertebrados.
Vivem em grupos que podem variar de tamanho de acordo com a região, podendo ter de até 20 indivíduos, formados por um casal dominante. O bando constrói locas para usar como abrigo, latrinas para deposição de fezes e urina e os campsites que são locais para descansarem e marcar território dentro da sua área de caça.
7 – Sucuri-amarela (Eunectes notaeus)
Sua ocorrência se dá do Pantanal até a região sul do Brasil, mas também pode ser encontrada no Paraguai, Bolívia, Argentina e Uruguai. Seu Estado de Conservação é pouco preocupante na Lista Brasileira, mas para o estado do Rio Grande do Sul é vulnerável segundo a IUCN.
Essa espécie pode atingir cerca de 4 m, sendo as fêmeas maiores do que os machos, podendo pesar cerca de 50 kg. Alimenta-se principalmente de peixes, aves e mamíferos de pequeno a médio porte, como, por exemplo, as capivaras).
São animais solitários, mas na sua época reprodutiva formam uma espécie de bola onde vários machos se enrolam em uma única fêmea, e esse encontro normalmente ocorre na água, podendo durar um longo tempo, e normalmente vence o maior macho, sendo ele a se acasalar com a fêmea.
8 – Cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus)
A espécie possui uma grande área de abrangência, do sul da Amazônia, um pedaço da caatinga e do Cerrado e também nos Pampas, além do Brasil também se encontra no Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. Seu Estado de Conservação é considerado vulnerável pela IUCN.
Considerado como o maior cervídeo da América Latina, as fêmeas são menores que os machos, que, possuem chifres ramificados e podem pesar até 130 kg. São animais herbívoros que se alimentam de macrófitas (plantas aquáticas) de folha larga, gramíneas e leguminosas. De hábitos normalmente solitários, mas podem formar pequenos grupos.
Uma adaptação marcante que permite a esses animais permanecerem por longos períodos na água é uma membrana protetora em seus cascos, que facilita a locomoção deste animal nas áreas alagadas.
9 – Surucucu-do-pantanal (Hydrodynastes gigas)
Espécie encontrada do leste da Bolívia, até o sul do Brasil, Paraguai e Argentina. Seu estado de conservação é considerado como Pouco Preocupante de acordo com o ICMBio.
Uma serpente de grande porte, podendo alcançar 3 metros de comprimento. Alimenta-se de peixes, pequenos mamíferos e até mesmo outras cobras. Outro nome popular dessa espécie é Boipevaçu, com origem na língua Tupi, sendo ‘boipeva’ cobra chata, pois ela possui um comportamento defensivo de achatar seu pescoço e ‘açu’ de grande, pelo seu tamanho robusto.
10 – Dourado (Salminus brasiliensis)
É um peixe de água doce, com ocorrência principalmente na Bacia do Prata, com outras ocorrências na Bacia do São Francisco, Rio Magdalena, Rios do Peru e da Bacia Amazônica.
Seu nome se dá pela coloração predominantemente dourada, amarelada, com as nadadeiras alaranjadas. O Dourado é o maior peixe de escama da Bacia do Prata, podendo medir em torno de 1 m e pesar 25 kg, sendo conhecido como rei do rio. Se alimentam principalmente de pequenos peixes, nadam em cardumes e realizam extensas migrações reprodutivas.
Fonte: SOS Pantanal