Espécie, que é símbolo da cidade, está ameaçada de extinção e não é mais vista com tanta frequência no local
Pescadores compartilharam nas redes sociais imagens de botos-cinza nadando nas águas da Baía de Guanabara, próximo à Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro. As fotos e vídeos, do último domingo (17), chamaram a atenção porque a espécie, que é símbolo da cidade, está ameaçada de extinção e não é mais vista com tanta frequência no local.
Segundo especialistas, além de fatores naturais, como a mudança nas marés, as medidas de isolamento social também pode explicar a presença dos animais no local. Em entrevista ao O Globo, o ambientalista Sérgio Ricardo Verde, membro-fundador do Movimento Baía Viva, que defende a preservação da Baía, contou que as águas do local estão mais limpas e que, além dos botos-cinza, há também imagens de tartarugas-verdes. Segundo ele, aproximadamente a cada 15 dias há uma renovação das águas do local e, com a entrada de água do oceano, a Baía lança no mar parte dos poluentes presentes ali.
“Também houve uma redução significativa no número de embarcações. Estima-se que cerca de 10 mil navios e rebocadores da indústria petroleira trafegam anualmente na Baía. Além do risco de vazamento de óleo, essas embarcações provocam um revolvimento no subsolo marinho, o que deixa a água turva, e os motores constantemente ligados causam uma poluição sonora que afasta a vida marinha. Isso tudo explica as águas mais límpidas e a presença dos animais nesse momento”, explicou Sérgio.
A população atual dos botos-cinza na Baía de Guanabara é a menor já registrada. Nos anos 90, havia cerca de 800 animais na área e hoje são apenas 28, segundo o programa de Mamíferos Aquáticos (Maqua) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ao O Globo, o coordenador do projeto, José Lailson Brito Júnior, disse que há três tipos de poluentes que mais influenciam na mortalidade da espécie: os conjuntos de pesticidas, o bifenilo policlorado (óleo encontrado em capacitadores e transformadores de energia) e o hidrocarboneto policíclico aromático (presente em combustíveis, petróleo bruto e carvão que chegam ao mar através de vazamentos).
Sérgio Verde espera que a pandemia e a presença desses animais em locais que normalmente são muito frequentados conscientize a população e que, assim, os métodos de consumo e as políticas públicas prejudiciais ao meio ambiente sejam revistas.
Fonte: MSN Notícias