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Conheça as arraias de água doce: peixes cartilaginosos e que possuem grande diversidade de espécies na região amazônica

Conheça as arraias de água doce: peixes cartilaginosos e que possuem grande diversidade de espécies na região amazônica
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As arraias de água doce, família Potamotrygonidae, são peixes cartilaginosos, assim como os tubarões, e só existem na América do Sul

A bacia amazônica possui a maior diversidade de peixes de água doce do mundo, são mais de duas espécies e, dentre elas, as arraias são facilmente reconhecidas, tanto pelo seu formato peculiar de corpo, quanto pelo medo que causam, principalmente nas comunidades ribeirinhas, devido aos acidentes envolvendo esses animais.
As arraias são peixes cartilaginosos, ou seja, possuem um esqueleto constituído por cartilagem, assim como os tubarões, e existem espécies marinhas e espécies de água doce. As arraias de água doce pertencem à família Potamotrygonidae, e apresentam o corpo achatado em formato de disco, onde as nadadeiras peitorais, bem desenvolvidas e projetadas para as laterais, constituem a maior parte do corpo. São essas nadadeiras peitorais que, por meio da ondulação do músculo, permitem que as arraias se locomovam. Na parte superior do corpo das arrais ficam posicionados os olhos e os espiráculos, que são duas aberturas, uma atrás de cada olho, fundamentais para a respiração desses animais. Na parte debaixo do corpo das arraias fica a boca, que apresenta pequenos dentes em formato de serra. As arraias se alimentam de plâncton (pequenos organismos que ficam suspensos na água e engloba seres fotossintetizantes), invertebrados e peixes.

As arraias também apresentam uma cauda fina e comprida e que, no geral, possuem de um a quatro ferrões ósseos de formato retrosserrilhado (formato de serra com “dentes” voltados para trás). O ferrão contém toxinas e é utilizado como forma de defesa do animal ao se sentir ameaçado, o que acontece quando, por exemplo, alguém pisa nele.

Uma arraia de água doce camuflada em meio ao folhiço de um rio (Foto: Benoit Villette)

Acidentes com arraias são muito comuns na região amazônica e representam 88% dos casos de acidentes com arraias em todo o Brasil. Os acidentes com arraias ocorrem principalmente na época seca, provavelmente devido ao maior uso das praias pelas pessoas e pelas próprias arraias, que costumam ficar camufladas na areia e folhiço das águas rasas das margens dos rios, o que dificulta que elas sejam vistas. Apesar dos acidentes com arraias serem comuns na nossa região, ainda não existe antídoto e nem tratamento específico para a ferroada, principalmente pela complexidade do veneno que muda de composição mesmo dentro de uma mesma espécie.
Hoje são reconhecidas 31 espécies de arraias de água doce e, na Amazônia, esses animais têm grande potencial econômico, podendo ser comercializados para a alimentação e como peixes ornamentais e também devido ao grande potencial farmacológico do veneno. No Amazonas, por exemplo, o comércio de arraias de água doce com finalidade ornamental é regulado pelo Ibama, na qual quatro espécies podem ser exploradas a partir do sistema de cotas anuais, que limita o tamanho máximo da largura do disco. Já o veneno de algumas espécies de arraias, segundo estudos recentes, apresenta atividade antimicrobiana contra bactérias e fungos, o que demonstra o potencial farmacológico que o veneno desses animais tem e a importância de investimento em pesquisas científicas para o desenvolvimento desses estudos.

A raia-preta, Potamotrygon leopoldi, é uma das espécies de arraias de água doce ameaçadas de extinção (Foto: Jeso Carneiro)

Dentre as espécies de arraias de água doce reconhecidas para a Amazônia, duas espécies são consideradas ameaçadas de extinção: Paratrygon aiereba, conhecida popularmente como arraia-aramaçá, raia-branca e arumaçá e Potamotrygon leopoldi,conhecida como raia-preta e/ou raia-de-fogo. Essas espécies são ameaçadas principalmente devido aos barramentos de cursos d ‘água (como a construção de hidrelétricas), perda e alteração de habitat e algumas, captura ilegal (principalmente devido ao tráfico de animais).

Fonte: Portal Amazônia

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Trajano Xavier

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