Lobinha Pequi se prepara para retornar à natureza na região do DF
Filhote de Caliandra, loba- guará monitorada pela equipe da organização não governamental (ONG) Onçafari, Pequi veio ao mundo em 1º de junho do ano passado, junto com Mangaba, Araticum, Seriguela e Baru, seus irmãos. Foi em uma mata, próximo à Fazenda Trijunção (divisa GO, MG e BA), que os cinco filhotes foram localizados e resgatados, com apoio do Zoológico de Brasília, após a mãe ser encontrada morta a cerca de 10km de distância da toca.
Foi em 24 de junho do ano passado que as três fêmeas e os dois machos foram encontrados em uma toca, na Bahia. No mês seguinte, os animais foram encaminhados para o Zoológico de Brasília, uma vez que era o local mais próximo e com infraestrutura necessária para recebê-los. Assim que os animais chegaram, a equipe identificou, após exames clínicos, que os filhotes apresentavam sinais de desidratação e anemia.
“O nosso intuito era fazer com que esses animais sobrevivessem, porque a taxa de mortalidade é alta. Eles sobreviveram, cresceram com saúde. Três foram para o Parque Vida Cerrado, na Bahia, e outros dois voltaram para a Fazenda Trijunção”, detalha o biólogo diretor de mamíferos da instituição, Filipe Carneiro Reis.
Dos três filhotes que foram para a Bahia, um deles é a Pequi, que aguarda a transferência para o DF. “Lá, o recinto do criadouro estava afastado do público, o que é ideal para animais que vão ser reintroduzidos. Aqui, em Brasília, todos já estavam cheios”, explica. A ideia, de acordo com Filipe, é fazer a reintrodução da loba guará na mata do DF. “Estamos preparando Pequi para a vida livre, e esse é o nosso grande objetivo. Elaborar o protocolo melhor para que a gente tenha sucesso. Não é algo simples, a gente tem que manter o animal mais distante possível do ser humano. Não existe um protocolo definitivo ainda”, conta.
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Pesquisa
Para criar o protocolo, uma pesquisa tem sido feita com os animais desde quando recuperados. A zootecnista responsável pelo projeto no DF, Ana Raquel Gomes Faria, explica o surgimento da ideia. “Paralelamente aos cuidados dos lobos, começamos a conversar sobre o futuro deles. A ideia é sempre o retorno para a natureza, mas cinco no mesmo ambiente seria demais. Foi quando os projetos se uniram. Todos serão monitorados com rádio colar, e já estão em processo de reabilitação”, conta. O projeto é construído com base legal e utiliza como metodologia um dos objetivos do Plano de Ação Nacional para o Lobo-Guará.
De acordo com Ana, ainda há pouca pesquisa sobre lobos-guarás. “A gente tem muita pesquisa em relação ao tipo de itens alimentares ou quantidade de lobos em determinada área. Mas não há estudos relacionadas à soltura de animais. Hoje, temos, no Brasil, um único caso na Serra da Canastra e, depois disso, nunca mais. Isso faz parte do meu processo de doutorado e vou acompanhar as três áreas de soltura. Vamos ver como é o processo de adaptação, não só o comportamento, mas saber também se está comendo, através da coleta de fezes. É saber se estão fazendo essa adaptação de forma positiva”, explica.
Instalação especial
Para a soltura, será necessário criar o recinto de aclimatação, para o animal estar em contato com o ambiente. “Os animais precisam saber que há uma nova loba ali”, ressalta a zootecnista. O recinto será construído no Paraíso da Terra, área localizada na Apa da Cafuringa. “O local possui 85% da área preservada e tem muito recurso, muita lobeira, muita caça e pequenos vertebrados que servem de alimento para a Pequi. Lá, também é um local em que já foram avistados lobos-guarás”, explica Ana.
Pelas redes sociais é possível acompanhar a evolução da Pequi e saber mais sobre sua história. De acordo com Ana, a divulgação tem como objetivo fazer com que a população do DF interaja com a lobinha. “Queremos que a Pequi seja a embaixadora da própria espécie no DF. O lobo-guará é uma espécie ameaçada de extinção. A expectativa é sensibilizar a população em relação às ameaças”, garante.
Ajude
Para ajudar na criação do recinto de aclimatação, entre em contato pelo
e-mail ajude.loboguara@gmail.com, ou siga a Pequi nas redes sociais para conhecer mais sobre sua história e acompanhar a pesquisa. Acesse o instagram @soueupequi.
FONTE: CORREIO BRASILIENSE
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