O musgo esfagno é capaz de absorver até 20 vezes seu próprio peso em água
Um estudo feito pela organização britânica Moors for the Future Partnership revelou que o plantio de musgo da espécie esfagno (Sphagnum) é capaz de reduzir consideravelmente a velocidade da água em caso de chuvas, podendo ser usado como uma incrível ferramenta contra inundações e enxurradas.
Para a descoberta, os pesquisadores criaram uma espécie de laboratório ao ar livre em Kinder Scout, o pico mais alto do Parque Nacional Peak District, uma Reserva Natural montanhosa na Inglaterra. Após o plantio do esfagno, o impacto do musgo foi monitorado de perto durante seis anos, e, recentemente, ficou comprovado que o musgo diminui significativamente a água que escorre das colinas após a chuva.
O musgo funciona como uma espécie de barreira, auxiliando no tempo de escoamento da água para o sistema fluvial, reduzindo o chamado ‘pico de fluxo’, que é a quantidade máxima de água em um rio após uma tempestade. Isso traz benefícios importantes para as comunidades que vivem no entorno e que são vulneráveis a inundações.
Tecnologia da natureza
Os esfagnos possuem uma estrutura celular peculiar, eles têm poros e absorvem a água como uma esponja. Essas células únicas fazem com que a espécie seja capaz de absorver até 20 vezes seu próprio peso em água.
A espécie também desempenha um papel crucial de acumular nutrientes ao longo do tempo para criar novas camadas de matéria orgânica. Uma cobertura de esfagno saudável protege e mantém a umidade do solo abaixo, e isso faz com que o solo também absorva mais água, retendo assim o fluxo máximo de água nas colinas.
Metodologia
Foram plantados à mão 50.000 tufos de esfagno em uma pequena área do pico que não possuía vegetação, então qualquer chuva forte escorria rapidamente das colinas para os riachos e ainda levava com ela ricos nutrientes do solo.
O estudo demonstrou que a restauração de terras altas oferece uma alternativa de baixo custo para reduzir o risco de inundações em comunidades rurais vulneráveis e otimizar o trabalho de restauração. Ele ainda revelou que, ao longo dos anos, esses benefícios continuam a melhorar, pois o esfagno continua a crescer constantemente.
Segundo os cálculos da equipe, caso a restauração fosse replicada em toda a paisagem do local, o pico de fluxo da tempestade poderia ser reduzido em até 12% para as comunidades abaixo do Kinder Scout, incluindo Glossop, uma cidade onde o risco de inundação é alto. Segundo eles, durante tempestades intensas o fluxo de pico da tempestade pode ser reduzido em até 24% graças ao auxílio do musgo.
Fonte: CicloVivo