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Camada de gelo no Himalaia está derretendo e pode desmoronar

Camada de gelo no Himalaia está derretendo e pode desmoronar
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Com o degelo dessa camada, muitas atividades essenciais ficarão comprometidas, o que pode prejudicar a infraestrutura e até mesmo o abastecimento local

Uma pesquisa publicada na revista Communications Earth & Environment apontou que a estabilidade e a infraestrutura do Planalto Qinghai-Tibet do Himalaia podem estar comprometidas graças ao derretimento do permafrost no local. Essa situação aumentará cenas de reparo e de substituição das infraestruturas até 2050.

O Planalto Qinghai-Tibet é uma área que mede cerca de cinco vezes o tamanho da França. Ele vai da China Ocidental até o Paquistão, e inclui áreas do Nepal, Índia, leste do Tajiquistão e sul do Quirguistão. Acredita-se que, com o aumento das mudanças climáticas, as temperaturas globais também serão elevadas, o levará o permafrost em todo o mundo a descongelar rapidamente.

Em entrevista à Newsweek, o professor de ciências da terra na Universidade de Dartmouth, Mathieu Morlighem, declarou que o permafrost é um solo “permanentemente” congelado, localizado em abundância em regiões frias, como os polos, e lugares montanhosos.

O ecologista de sistemas da Universidade de Montana, John S. Kimball, também contou à Newsweek que, diante desse crescente aumento de temperatura o permafrost começou a apresentar instabilidade.

“Quando o permafrost descongela, o chão se torna instável. É muito mais fácil para esse solo se mover. Muitos lugares experimentam subsídios, abrindo estradas, afetando aeroportos, trilhos de trem, oleodutos ou até mesmo edifícios”, disse Morlighem.

Foto tirada por J Pronk em outubro deste ano durante uma expedição conjunta com colegas chineses do Instituto de Pesquisa do Platô Tibetano. Crédito: University of St Andrews

O degelo dessa camada pode trazer prejuízos, como por exemplo os terrenos instáveis, que podem danificar fundações de construção, estradas, dutos e outras infraestruturas. Isso sem contar com o aumento na possibilidade de deslizamentos de terra, ocorrência capaz de poluir os rios.

“O permafrost exposto pelo evento inicial de deslizamento de terra irá então descongelar em uma taxa ainda maior, levando a deslizamentos de terra ainda maiores e mais perdas de solo. Os deslizamentos de terra podem ser especialmente perigosos em paisagens montanhosas devido ao maior relevo do terreno e encostas mais íngremes”, declarou Kimball.

Cabe destacar que muitas atividades ficarão comprometidas, pois “no Ártico boreal, o permafrost fornece uma barreira eficaz para a drenagem superficial do solo. Isso ajuda a sustentar uma abundância de lagos e pântanos que fornecem habitats críticos para a vida selvagem, abastecimento de água para atividades municipais e industriais e redes de água para transporte e recreação”, disse Kimball.

Degelo do permafrost e o aumento de incêndios florestais

Em estágios posteriores do degelo, a drenagem do solo pode chegar a um ponto onde os lagos drenam rapidamente, secam superficialmente. Segundo Kimball, observações de satélites e observações terrestres indicam que a tendência de secagem da superfície é extensa em toda a zona de permafrost do hemisfério norte, incluindo o Planalto Qinghai-Tibet.

Esse ciclo de feedback positivo do aquecimento e do degelo do permafrost também pode levar incêndios florestais, os quais a pesquisa demonstrou aumento no Ártico. “Isso levanta sérias preocupações à medida que os incêndios florestais exacerbam a degradação do permafrost e a liberação dos gases de efeito estufa que contribuem para mais aquecimento e incêndios florestais no Ártico”, declarou a pesquisadora climática do Centro de Pesquisa em Ecologia e Aplicação Florestal, Adrià Descals.

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Trajano Xavier

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