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Tijolos alternativos são feitos de resíduos reaproveitados e biomateriais

Tijolos alternativos são feitos de resíduos reaproveitados e biomateriais
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Depois do concreto e do aço, o tijolo tornou-se o foco mais recente para arquitetos, designers e pesquisadores de materiais que desejam reduzir as emissões de carbono associadas aos materiais de construção. Cortiça expandida, resíduos de construção e até urina humana são algumas das alternativas ao tijolo utilizadas na alvenaria.

Os tijolos tradicionais geralmente são feitos de argila – um recurso finito que precisa ser extraído e transportado para todo o mundo, além de serem queimados em fornos movidos a combustível fóssil a temperaturas de mais de 1000ºC, muitas vezes por vários dias, gerando não apenas uma grande quantidade de emissões de gases de efeito estufa, mas também monóxido de carbono e outros poluentes atmosféricos perigosos – especialmente no sul da Ásia, onde os fornos muitas vezes ainda são movidos a carvão.

Veja sete exemplos do que vem sendo desenvolvido para servir de tijolo:

Criação brasileira

 

Além de sustentável, o K-Briq oferece melhores propriedades de isolamento e pode ser produzido em qualquer cor — Foto: Divulgação

Além de sustentável, o K-Briq oferece melhores propriedades de isolamento e pode ser produzido em qualquer cor — Foto: Divulgação

Após mais de dez anos dedicados à pesquisa, a engenheira brasileira Gabriela Medero criou um novo tipo de tijolo que, além de dispensar a queima da argila, tem resíduos de construção em 90% de sua composição. Batizado de K-Briq, gera menos de um décimo das emissões de carbono em sua fabricação quando comparado ao tijolo comum.

Blocos de cortiça

Blocos interligados de cortiça expandida são empilhados como blocos de LEGO sem a necessidade de argamassa ou cola neste sistema de construção, utilizado para erguer a Cork House. Os tijolos podem ser usados para criar estruturas que são facilmente desmontáveis, recicladas e reutilizadas. O escritório londrino MPH Architects trabalha no sistema em colaboração com vários institutos de pesquisa desde 2014, e agora espera desenvolvê-lo em um kit de construção de cortiça.

De cabelo a esterco

Batizado de Building the local (“Construindo o local”, em tradução livre), o projeto estudantil de Ellie Birkhead, da Design Academy de Eindhoven, na Holanda, usa resíduos encontrados na região, como cabelo de um salão de cabeleireiros, esterco de cavalo de um estábulo e lã de uma fazenda para criar tijolos de barro não queimados. O resultado são peças específicas, o que pode “criar um futuro para a indústria local”, na perspectiva dela.

Concreto de demolição e vidro

A nova ala do Design Museum Gent, na Bélgica, é formada por tijolos não queimados e de baixo carbono feitos com concreto de demolição e vidro. Os pesquisadores, em parceria com os estúdios de arquitetura Carmody Groarke e Trans Architectuur Stedenbouw, desenvolveram a peça, que tem um terço do carbono incorporado e parece com um típico tijolo de barro belga.

Carvão vegetal e bucha

Esses tijolos de concreto da Escola Indiana de Design e Inovação em Mumbai são produzidos com solo, carvão e fibras de bucha, que criam bolsões de ar e ajudam a reduzir a quantidade de cimento necessária em seu processo de produção. Os blocos são até 20 vezes mais porosos do que os tijolos comuns, promovendo a biodiversidade ao abrir espaço para plantas e insetos.

Fungos

Um dos primeiros experimentos no uso de micélio em escala arquitetônica foi na construção da torre Hy-Fi no MoMA PS1, instituição de arte contemporânea em Nova York. O estúdio The Living projetou o pavilhão usando tijolos que cresceram a partir da estrutura semelhante a raízes de fungos, colocando restos de milho da agricultura dentro de um molde e estimulando o micélio a crescer em torno disso, formando os tijolos.

Urina e areia

O projeto experimental da pesquisadora da Universidade da Cidade do Cabo Suzanne Lambert combina urina humana, areia e bactérias em moldes em forma de tijolo. A bactéria desencadeia uma reação química que decompõe a ureia (encontrada na urina) enquanto produz carbonato de cálcio – o principal componente do cimento, fazendo praticamente o mesmo processo da formação das conchas.

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Trajano Xavier

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