Algas e outros seres marinhos podem reduzir a acidificação dos oceanos
Uma das muitas consequências do aumento do dióxido de carbono atmosférico é a acidificação dos oceanos. Os cientistas descobriram que as águas mais ácidas são perigosas para muitas espécies, especialmente as construtoras de estruturas, como os corais, e assim a potencial queda no pH seria devastadora para os habitats marinhos.
Portanto, não é surpreendente que muitos cientistas estejam procurando maneiras de mitigar isso para os ecossistemas costeiros, onde as perdas poderiam ser especialmente impactantes ecológica e economicamente. Mas a resposta pode estar bem na frente deles: a vida marinha é capaz de amortecer quedas no pH.
Um estudo feito pela equipe da professor Nyssa Silbiger do Departamento de Biologia da Universidade Estadual da Califórnia, mostra que a vida marinha desempenha um papel importante no controle do nível de acidez, ou pH, ao longo da costa, apenas por respiração ou fotossíntese. Plantas e algas marinhas aumentam o pH da água do mar, tornando-a mais básica, enquanto os animais e outros seres autótrofos a tornam mais ácida.
Este é um resultado empolgante porque mostra que a vida marinha não apenas responde a mudanças no pH, mas que ela realmente desempenha um papel importante no controle.
A maioria dos trabalhos sobre a acidificação dos oceanos foi feita usando modelos em laboratório e que levam em consideração mudanças de pH em nível global. Algo bem diferente do presente estudo, pois este foi feito em campo aberto.
O pH da água do mar pode ser muito diferente mesmo em distâncias menores que um campo de futebol, e essa relação está intimamente ligada aos seres vivos e suas relações ecológicas em cada micro-ecossistema.
Em vez de estabelecer experimentos de laboratório rigorosamente controlados para ver como as comunidades respondem à acidez, Silbiger aproveitou a natureza isolada das piscinas de maré. “Você basicamente tem esse pequeno ecossistema individual com o qual pode trabalhar e manipular”, explicou ela. Na maré baixa, cada piscina é essencialmente separada do resto do oceano, o que significa que quaisquer mudanças são quantificáveis “devido aos organismos ou à física que estão acontecendo exatamente dentro daquela maré”.
Ela também catalogou cuidadosamente a comunidade biológica na piscina, de algas a peixes, classificando-os como produtores – organismos capazes de absorver a luz do sol e dióxido de carbono, aumentando o pH no processo – e consumidores, em que o pH diminui conforme eles respiram. E então, amostras de água de hora em hora foram tomadas para rastrear as características químicas das piscinas, incluindo o pH. Em micro-ecossistemas a vida foi principal fator de alteração de pH
O trabalho abre a intrigante possibilidade de cultivar certas espécies para reduzir os impactos. “As algas podem potencialmente ser um amortecedor para a acidificação dos oceanos em uma escala local.
O estudo também mostra a importância conservação de ecossistemas marinhos. A preservação de locais com muitas plantas marinhas e algas pode amortecer localmente, ou retardar, alguns dos efeitos negativos da acidificação dos oceanos. Isso significa que, se houver alteração na composição da vida marinha, isso mudará as condições locais de pH e poderá piorar os efeitos da acidificação global dos oceanos.
Os detalhes desse estudo pode ser encontrado em https://www.nature.com/articles/s41598-017-18736-6