Angola e Cabo Verde querem aprender com as respetivas experiências no ambiente
Angola e Cabo Verde manifestaram a intenção de aprender com as experiências positivas nos respetivos países em matérias sobre a administração do ambiente e vão preparar um memorando de entendimento para identificar as áreas.
As intenções foram manifestadas, na Praia, pelo ministro da Agricultura e Ambiente cabo-verdiano, Gilberto Silva, e pela homóloga angolana, Ana Paula Pereira, que está em Cabo Verde para uma agenda de encontros de trabalho e visitas a projetos ligados ao ambiente.
“Conseguimos essa troca de experiência com Portugal e agora estamos a fazer com Cabo Verde. O que nós pretendemos, de certa forma, é levar experiências positivas de Cabo Verde”, afirmou a governante angolana, após um encontro com o seu homólogo cabo-verdiano.
“Pensamos que, com isso, cada vez mais, selar os laços que nos unem em torno da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], a língua que nos une, que é um aspeto que nos facilita, nalguns aspetos estarão melhores que nós, noutros estaremos melhores que vocês, então fazermos essa sinergia entre os nossos países para que tenhamos uma CPLP cada vez mais forte”, afirmou.
Entre as experiências positivas de Cabo Verde, a ministra do Ambiente de Angola apontou a questão dos resíduos, em que o seu país já faz alguma separação, mas “de forma tímida”, e quer ser “mais ativo” nessa questão com o vidro, papel e plástico.
Também apontou o Fundo do Ambiente de Cabo Verde, indicando que Angola também tem uma iniciativa parecida, mas que ainda não consegue ir buscar financiamentos externos e não há muitas ações voltadas para o ambiente.
“Então queremos trocar essa experiência porque também vimos o bom funcionamento do Fundo do Ambiente aqui em Cabo Verde”, prosseguiu a mesma fonte, indicando ainda como possíveis áreas de cooperação as tecnologias ambientais, água e saneamento, ação climática ou biodiversidade e conservação.
“Nas áreas de conservação temos de melhorar em termos de repovoamento animal, em termos de infraestruturas, em termos do próprio turismo, em que Cabo Verde é um líder”, disse Ana Paula Pereira, dizendo que o encontro é o “ponto de partida” para preparar um memorando de entendimento entre os países com áreas específicas de cooperação.
O ministro da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde, Gilberto Silva, sublinhou que o seu país é essencialmente oceânico, muito diferente de Angola, considerando que tudo o que tem ver a administração do mar e das áreas protegidas marinhas pode ser um dos aspetos a ter em conta.
“Um país pode ser pequeno, mas os desafios continuam a ser grandes e muito semelhantes aos desafios dos países que são muito maiores. Aqui vamos aprender uns com os outros”, afirmou, defendendo, porém, que os problemas e soluções ambientais não são copiados, mas sim aplicados considerando a realidade de cada país.
O quadro jurídico e instituição no setor de água e saneamento, a fiscalidade ambiental, a mobilização de recursos, gestão ambiental nos municípios foram outras soluções e práticas que o ministro considerou são passíveis de “inspirar os outros”.
“Há um conjunto de matérias em que o objetivo não é propriamente ensinar o outro, é como é que cada um faz e como é que nós podemos aprender uns com os outros”, referiu Silva, dizendo que Cabo Verde pode aproveitar a experiência de Angola com a sua direção de tecnologias e de educação ambiental.