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Após 15 anos de busca, observador flagra um dos beija-flores mais raros do Brasil

Após 15 anos de busca, observador flagra um dos beija-flores mais raros do Brasil
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O professor de inglês Stephen John Jones Steve, 58, aprendeu desde cedo a falar a língua das aves. Filho de “passarinheiros”, ele adorava se aventurar pela natureza no interior da Inglaterra, onde nasceu.

Foi no Brasil, porém, que encontrou uma diversidade pouco valorizada. Na década de 90, para combater o desconhecido, cedeu a um anseio. “Tive vontade de registrar as belezas, comprei uma câmera semiprofissional e, junto com meu cunhado, comecei a descobrir o mundo maravilhoso da fotografia da natureza”, conta.

O hobby cresceu e, hoje, o professor já acumula mais de 900 registros de espécies em liberdade, em diversas partes do país. Mas esse acervo não o satisfazia. Das 25 espécies de beija-flores de Pernambuco a ausência de uma incomodava: a mais rara.

Andei em muitas matas interessantes ao longo dos anos e registrei todos os beija-flores que ocorrem no Centro de Endemismo Pernambuco, menos um…
— Stephen John Jones Steve (professor)
O rabo-branco-de-margarette (Phaethornis margarettae) é uma ave exclusiva do Brasil que só habita matas de baixada, bem conservadas, com composições de Mata Atlântica primária. As particularidades não estão só na ocorrência, ela é uma das espécies mais raras do Brasil e tem um comportamento único também no período de reprodução. O macho da espécie abre a parte inferior do bico de forma que se pareça com uma pétala e atraia a parceira.

Stephen Jones começou a procurar oficialmente a ave em 2005. Antes disso, ele já se interessava pela espécie, mas achava que seria mais fácil encontrá-la. “Então não me esforçava tanto”, confessa. A espécie também habita a Bahia e Alagoas, mas foi em Pernambuco mesmo que o inglês presenciou a emoção, depois dos 15 anos de busca.

Em uma passarinhada pela mata do município de Rio Formoso, no final de fevereiro, a persistência foi a chave para o encontro. “Eu disse pra mim mesmo, ‘vou ficar aqui até ela aparecer’. Ela apareceu e nem demorou muito. Foi um daqueles momentos mágicos na minha vida, que jamais vou esquecer”, relembra.

Com a ave três metros a sua frente, ele só precisou focar e apertar o disparador para conseguir o primeiro registro da espécie para o estado de Pernambuco, de acordo com o maior banco de dados digital de observação de aves do Brasil, o WikiAves. “Paciência, e persistência foram chaves nesse caso e isso eu tenho de sobra”, confessa o observador.

Apesar do ineditismo do registro, a espécie sempre foi conhecida de Pernambuco e, inclusive, a população do Nordeste foi descoberta originalmente neste estado.

Stephen ainda tem um objetivo: ajudar Pernambuco a chegar a 500 espécies no WikiAves. O estado reúne 493, atualmente. A estratégia é uma forma de combate às ameaças que fizeram com que muitas outras aves fossem exterminadas, já que provoca a população a se lembrar das que ainda resistem.

Fonte: G1

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Trajano Xavier

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