Aterro sanitário que recebeu lixo por décadas vira usina solar
No Sul do Brasil, um aterro sanitário que recebeu lixo por décadas virou uma usina solar.
Dias ensolarados em Curitiba, agora, são ainda mais esperados; 8.600 painéis fotovoltaicos começaram a produzir energia elétrica para o município.
A nova usina solar foi instalada em um local até então improvável: um antigo aterro sanitário, que acumulou o lixo de Curitiba e da região metropolitana por 21 anos. Instalar as placas sob um morro feito de resíduos foi um desafio.
“Nós temos um sistema de fundação diferenciado, são anéis de concreto que fazem com que a movimentação do solo que ainda existe por ser um aterro sanitário, e é devidamente monitorada, ela seja dissipada por esses anéis, e não venha danificar as placas de geração de energia”, explica a secretária de Meio Ambiente de Curitiba, Marilza Dias.
Para tirar a ideia do papel, a prefeitura contou com o conhecimento e o financiamento do C40, órgão internacional das cidades comprometidas com o enfrentamento das mudanças climáticas.
Mais de 12 milhões de toneladas de lixo ainda hoje geram um gás de efeito estufa chamado metano. Para os especialistas, a instalação da usina é um jeito de compensar a natureza. O ambiente que antes só poluía, agora produz energia limpa e renovável
O aterro está desativado há dez anos, mas, mesmo assim, o monitoramento da produção de chorume e do gás que sai das chaminés é constante.
“Esse é o cuidado do município com esse ex-passivo ambiental, hoje um ativo ambiental, pra que nós consigamos ter o monitoramento e o controle e trazer segurança – tanto para o meio ambiente como para a comunidade que mora no entorno do aterro”, diz o diretor do Departamento de Limpeza Pública de Curitiba, Edélcio Marques dos Reis.
A energia elétrica produzida ali promete gerar ainda economia para os cofres da prefeitura: cerca de R$ 2,5 milhões a menos, por ano, na fatura de energia dos prédios públicos.
“Esse dinheiro pode ser utilizado para as diversas demandas que o município tem, como unidade de saúde, de creches, pavimentação, as ações necessárias para o plano de ações climáticas”, diz o secretário.
O empresário Jorge Tadeu mora perto do aterro desde criança e agora vê que o endereço virou motivo de orgulho.
“Não era um ambiente legal, tinha um tráfego grande de caminhões, o bairro sempre ficou conhecido como bairro do aterro sanitário e hoje começou a ter a contrapartida que o município devia para essa região. Para algo que beneficie a população”, diz o morador Jorge Tadeu.