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Betis: a lince-ibérico há mais tempo em liberdade encontrou um lugar para morrer

Betis: a lince-ibérico há mais tempo em liberdade encontrou um lugar para morrer
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Aos 18 anos, Betis encontrou um lugar para morrer. A lince-ibérico há mais tempo em liberdade nasceu numa altura crítica para a espécie. Em 2005, à beira da extinção em Portugal e Espanha, os linces-ibéricos contavam com apenas 125 espécimes em ambos os países e a felina foi uma das luzes no fundo do túnel. Agora, numa fase crítica de fim de vida, está pronta para descansar.

A notícia foi avançada pelo jornal “El País”, que acrescentou que Betis passou cerca de um ano desaparecida, até ser avistada no final de 2022. A felina foi encontrada no meio de um olival nas cidades de Carboneras e Aldea de Mesa, em Espanha, e estava em “muito mau estado”. Por causa da idade já avançada e da perda da capacidade de reprodução, os animais são deslocados do próprio território por outros indivíduos, o que dificulta a sobrevivência.

Agora, Betis não precisa de se preocupar. A felina descrita com um “olhar sereno que contém a sabedoria que a experiência e a idade dão”, encontrou o seu lugar. “Vai morrer onde escolheu, numa zona muito bonita de olival com manchas de florestas mediterrânicas à margem do rio Guarrizas”, disse Maribel García-Tardío, técnica do Plano de Recuperação do Lince da Junta de Andaluzia.

Entre os anos de 2008 e 2017, Betis teve 16 filhotes. A felina conseguiu manter o seu território por cinco anos mas em 2022, quando perdeu a capacidade de reproduzir, perdeu-o e desapareceu. “É uma fêmea que viveu de forma tranquila e feliz”, frisa a técnica.

Em setembro, para a surpresa de todos, Betis apareceu. Em mau estado, foi capturada e tratada. “É um animal muito bonito, apesar dos anos e das doenças que o fazem abrandar”, referiu Maribel. Cerca de um mês depois, quando já pesava 11 quilos, o seu destino começou a ser decidido. “Não fazia sentido que continuasse em cativeiro. Tomámos a decisão de que iria voltar ao campo para que terminasse da mesma forma que sempre viveu”, sublinhou. 

No seu refúgio, Betis prefere temperaturas mais quentes. “Temos visto banhos de sol nestes dias com noites amenas e dias de mais de 20 graus”, contou. Já as temperaturas mais frias, parecem afetar a felina, que o demonstra “no seu jeito de andar”. No momento a sua alimentação está a ser maioritariamente de coelhos, sendo animais mais fáceis de caçar.

Para o resto da vida, Betis estará sozinha, já que não interage mais com outros linces. Mas está livre, como sempre foi, e está “muito bem”. A felina poderá chegar a idade de Aura, a lince-ibérico mais velha do mundo que deu à luz 14 filhotes, originando 900 descendentes, e que morreu em novembro passado aos 20 anos.

Em 2020, apesar de terem aumentado a sua população na Península Ibérica (ultrapassando os 1.200 exemplares), os linces continuam classificados como “em perigo de extinção”. No momento está a ser finalizado o censo de 2022 e espera-se que os resultados continuem a aumentar e mantenham-se positivos.

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Trajano Xavier

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