Biodigestor de penitenciária no Mato Grosso transforma lixo orgânico em gás de cozinha
O Centro de Ressocialização de Sorriso (MT) se tornou a primeira unidade prisional do Brasil a contar com um biodigestor que faz o tratamento de resíduos orgânicos, gerando energia útil no processo.
Isso porque o equipamento literalmente transforma lixo orgânico em gás de cozinha.
Por meio da tecnologia “Home Biogas”, o digestor transforma restos de comida (como cascas de ovos e frutas) em biogás, além de um biofertilizante líquido perfeito para o cultivo de hortaliças.
De acordo com a juíza Emanuelle Chiaradia Navarro Mano, titular da 1ª Vara Criminal de Sorriso, a direção da cadeia “vem tendo uma atuação diferenciada no processo de ressocialização” dos 247 detentos em regime fechado.
Eles trabalham na horta mantida pela unidade, e a cada três dias trabalhados, um dia de suas respectivas penas são descontados.
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O Centro de Ressocialização de Sorriso conta com uma enorme horta de 600m² que fornece os alimentos da própria unidade.
Semanalmente, cerca de 40 a 60 quilos de resíduos são produzidos na horta e na cozinha – detritos estes que são reaproveitados. “O que antes era lixo, hoje é sinônimo de economia e sustentabilidade para a penitenciária de Sorriso”, completou a Dra. Emanuelle.
Em parceria com a empresa Biomovement Ambiental, o Centro de Ressocialização agora conta com o biodigestor HomeBiogas.
O equipamento é 100% autônomo e gera energia renovável, limpa e sustentável, sem o uso de eletricidade a partir do processamento dos resíduos orgânicos.
Cerca de 9 kg de lixo são ‘biodigeridos’ diariamente na unidade de Sorriso por meio das bactérias existentes no sistema – e desse processo, produzem-se 2,5 botijões de gás (de cozinha).
Por fim, esse biogás extraído mantêm a cozinha do presídio em funcionamento por até nove horas diárias, promovendo economia.
O biodigestor também gera outro subproduto interessante: um fertilizante líquido natural. Para manter a máquina funcionando, os próprios detentos o “alimentam” todos os dias, se encarregando também de aplicar o biofertilizante na horta, melhorando assim a qualidade do alimento produzido.
“Com a parceria, oferecemos para o presídio de Sorriso mais do que uma solução para o tratamento do que antes era considerado lixo orgânico, mas um ciclo completo de sustentabilidade, inédito no sistema prisional brasileiro, enfatizando assim, a missão da empresa de promover o desenvolvimento socioambiental”, explicou Leandro Toledano, CEO da Biomovement Ambiental.
Seguindo as orientações da ONU
Para a juíza Emanuelle, os benefícios desse tipo de parceria público-privada vão muito além da mera economia de gastos públicos dentro da unidade prisional.
“As práticas adotadas na penitenciária de Sorriso trazem benefícios estruturantes para a sociedade. Além da contribuição na ressocialização do detento, apresenta a eles uma nova visão da realidade, voltada à responsabilidade social e ambiental”, disse.
Desde o ano passado, a Vara de Execução Penal de Sorriso tem buscado estar de acordo com as “Metas Nacionais de 2020 para o Poder Judiciário”, determinadas durante o XIII Encontro Nacional do Poder Judiciário, que visa se integrar à Agenda 2030 da ONU.
“Trabalhar pela reintegração do detendo à sociedade, promovendo perspectivas que envolvam saúde e bem estar, de trabalho e desenvolvimento econômico, de redução da desigualdade, a formação de comunidades sustentáveis, a promoção do consumo, produção e descarte responsáveis, além da promoção da justiça, coloca o presídio de Sorriso na vanguarda do sistema carcerário nacional”, completou a magistrada.
Fonte: Agitos Mutum
Fotos: Home Biogas
Fonte: Razões para Acreditar