Borboleta-monarca ameaçada de extinção
A Lista Vermelha da IUCN acaba de ser atualizada. Os dados são alarmantes — 41.459 espécies estão oficialmente ameaçadas de extinção — com números cada vez piores conforme as duas maiores ameaças criadas pelo homem se agravam: a destruição de habitats e as mudanças climáticas.
São justamente esses dois fatores apontados como principais ameaças para a conservação da borboleta-monarca (Danaus plexippus), que sofreu um declínio que supera mais de 80% de sua população nos últimos 25 anos.
A espécie é conhecida por seu espetáculo anual de migrações que ocorrem oriundos do México e da Califórnia no inverno para os locais de reprodução do verão nos Estados Unidos e no Canadá.
Na verdade, são as únicas borboletas capazes de fazer uma migração bidirecional como os pássaros, de acordo com o Serviço Florestal dos EUA.
Mas o desmatamento destruiu significativa parte do abrigo de inverno das borboletas no México e na Califórnia. Pesticidas usados na agricultura em toda a região matam borboletas, e também a planta da qual as larvas da monarca se alimentam.
A mudança climática também impactou essa borboleta migratória e é uma ameaça complexa que resulta em diversos problemas para a conservação da espécie. A seca e o calor diminuem a oferta de seu alimento e aumentam a frequência de incêndios catastróficos. Também desregulam o mecanismo das migrações para períodos inadequados, entre outras mudanças.
“Para preservar a rica diversidade da natureza, precisamos de áreas protegidas e conservadas eficazes e bem governadas, juntamente com ações decisivas para combater as mudanças climáticas e restaurar os ecossistemas.“ – Bruno Oberle, diretor geral da IUCN.
Danaus plexippus (Linnaeus, 1758)
Espécie descrita pelo lendário naturalista Lineu em 1758, a monarca é uma borboleta da família dos ninfalídeos, subfamília dos danaíneos. Têm cerca de 60 mm de envergadura, asas laranjas com listras pretas e marcas brancas.
Dieta ‘venenosa”.
O ciclo de vida inicia-se com uma fêmea adulta botando um ovo do tamanho da cabeça de um alfinete numa folha da planta serralha, tóxica para muitos animais mas não para a monarca. Dias depois nasce a pequena lagarta com riscas brancas, amarelas e pretas. A lagarta se alimenta das folhas que deixam seu corpo muito tóxico para ingestão por predadores como aves.
Conservação
A população ocidental está em maior risco de extinção, tendo diminuído em cerca de 99,9%, de até 10 milhões para 1.914 borboletas entre os anos 1980 e 2021. A maior população oriental também encolheu 84% de 1996 a 2014.
Embora a borboleta-monarca esteja declinando rapidamente na natureza, ela tem se perpetuado com cada vez mais sucesso em cativeiro. Em 2009, monarcas foram criadas com sucesso na Estação Espacial Internacional. A monarca também foi a primeira borboleta a ter seu genoma sequenciado.
A IUCN, organização de conservação que monitora o status da vida selvagem, acrescentou as monarcas à sua lista de espécies ameaçadas nesta semana. Todavia, hoje (22/7/2022) a lista oficial no site da entidade a espécie permanece com o status “de menor preocupação”.
“É difícil ver as borboletas-monarca e sua extraordinária migração à beira do colapso, mas há sinais de esperança. Tantas pessoas e organizações se uniram para proteger essa borboleta e seus habitats. (…)” – Anna Walker, da IUCN SSC Butterfly e Grupo de Especialistas em Mariposas e Oficial de Sobrevivência de Espécies da New Mexico BioPark Society, que liderou a avaliação da borboleta monarca.
- Migratory monarch butterfly now Endangered – IUCN Red List – iucn.org – 21 July 2022 (em inglês).
- Migratory Monarch Butterflies Are Listed as an Endangered Species – smithsonianmag.com (em inglês).
- Monarch butterfly – Wikipedia.org (em inglês).
- Brower, Lincoln (1988). “Avian Predation on the Monarch Butterfly and Its Implications for Mimicry Theory“. The American Naturalist. doi:10.1086/284763
- Walker, A., Thogmartin, W.E., Oberhauser, K.S., Pelton, E.M. & Pleasants, J.M. 2022. Danaus plexippus. The IUCN Red List of Threatened Species 2022: e.T159971A806727. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2022-1.RLTS.T159971A806727.en. Accessed on 22 July 2022. (em inglês).
- biologo.com.br