Boto-cor-de-rosa a sorrir junto ao pôr do sol é a imagem subaquática do ano
Uma imagem de um boto-cor-de-rosa da Amazónia a “sorrir” deu à fotógrafa norte-americana Kat Zhou o prémio de Fotografia Subaquática do Ano. O mamífero é considerado o maior golfinho de água doce do mundo e é extremamente difícil de ser apanhado em câmara. A espécie está classificada como “ameaçada” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês).
Os botos, como são popularmente conhecidos, fazem parte de uma famosa lenda do folclore brasileiro. Esta conta que, durante a noite, os animais transformam-se em homens bonitos, normalmente vestidos de branco, que seduzem as mulheres das aldeias, engravidando-as e desaparecendo depois.
“Embora não tenha presenciado esta transformação, ao entardecer encantei-me por esses lindos mamíferos de uma forma diferente”, disse Kat Zhou em comunicado. “Depois de ver como estes animais às vezes traziam os seus bicos acima da água, sabia que queria uma foto junto ao pôr do sol. E embora a água estivesse escura, fazendo com que eu estivesse a tirar fotografias às cegas, este golfinho deu-me uma pose e um sorriso perfeitos”.
“À medida que as comunidades indígenas se estabeleceram nos rios da Amazónia, os botos começaram a viver mais próximos das populações humanas, aproveitando-se até mesmo dos restos de comida”, conta a fotógrafa.
No Estado do Amazonas, na Região Norte do Brasil, a principal ameaça para os animais é a caça ilegal. Os caçadores transformam-nos em isco de pesca para apanhar o piracatinga, uma espécie sul-americana de peixe-gato.
“Embora tenha havido proibições sobre esta prática, ela não foi totalmente erradicada”, diz. “Com isso, ao lado de impactos ainda maiores, como o envenenamento por mercúrio por causa da indústria de mineração de ouro e dos grandes projetos de desenvolvimento que perturbaram os ecossistemas fluviais, receio que um dia os botos realmente não se tornarão mais do que criaturas míticas”.
Além da fotografia de Kat Zhou, 6 mil outras imagens foram submetidas ao concurso inglês. Porém, segundo o júri, o boto destacou-se desde o início. “É de longe a melhor fotografia que já vimos desta espécie”, disse Alex Mustard, um dos juízes.
Tobias Friedrich partilhou de um pensamento semelhante. “É talvez talvez a melhor imagem de um boto que eu já vi. Adoro fotos divididas e esta cumpre perfeitamente o objetivo”, sublinhou. “A aparência e a pose do golfinho são simplesmente perfeitas. Parabéns a Kat por conseguir isso!”.
