Brasil lança Observatório de Abelhas para conservar polinizadores
Programa inédito une governo e iniciativa privada para conduzir ações voltadas para a redução da mortandade de abelhas no país
As abelhas são fundamentais para a sobrevivência de muitas espécies de plantas, para o aumento da produtividade agrícola e o sustento de aves e mamíferos, que se alimentam de frutas e sementes em todo o mundo. Estima-se que tais insetos sejam responsáveis pela polinização de 80% dos cultivos do planeta e um terço dos alimentos consumidos pelos humanos. É para a conservação destes importantes polinizadores que nasce o Observatório Brasileiro de Abelhas.
Lançado oficialmente, na semana passada, em um workshop voltado para técnicos de defesa agropecuária do país, trata-se de uma iniciativa inédita. O projeto, que tem coordenação conjunta da Embrapa Meio Ambiente e do Ministério da Agricultura e Pecuária, foi criado em resposta a demandas de diversos setores da sociedade. Seu objetivo é conduzir e apoiar ações voltadas para a redução da mortandade de abelhas no Brasil.
Sim, mesmo com tantos benefícios, as abelhas são cada vez mais ameaçadas. Agrotóxicos, desmatamento e consequente perda de habitat são algumas das causas apontadas. O observatório, porém, surge com o objetivo de superar a falta de dados padronizados e confiáveis sobre incidentes relacionados a abelhas.
Sistematização e colaboração
A iniciativa já está desenvolvendo um sistema de informações para registrar sistematicamente esses incidentes, identificar possíveis causas de morte e reunir dados consistentes em uma plataforma nacional oficial.
A sistematização e consolidação dessas informações permitirão análises técnicas e científicas dos possíveis fatores causais, capacitando as autoridades públicas e outros setores da sociedade a adotarem medidas práticas para reverter o cenário de perda de abelhas.
Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), expressou o otimismo de que a criação do Observatório de Abelhas, com sua abordagem colaborativa, incentivará a formação de parcerias para estabelecer um banco de dados confiável, que servirá como base para o desenvolvimento de políticas eficazes de conservação das abelhas.
“A urgência em conservar todas as espécies vivas é inquestionável. No entanto, quando se trata de insetos polinizadores, especialmente abelhas, essa responsabilidade deve transcender o ordinário, devido à sua grande importância no equilíbrio ambiental”, afirmou.
O chefe de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Meio Ambiente, Cristiano Menezes, enfatizou que a iniciativa trará vantagens aos diversos agentes envolvidos. “Os beneficiados serão o setor público, os apicultores, os agricultores e a indústria agrícola, que poderão implementar as melhores práticas para conservar os polinizadores”, disse.
Já Ana Assad, diretora-executiva da A.B.E.L.H.A., acredita que a conexão com produtores de pequeno, médio e grande porte trará benefícios para a sociedade como um todo. “O Observatório de Abelhas tem o potencial de unir e profissionalizar a apicultura e meliponicultura, integrando a atividade de criação de abelhas com a agricultura por meio dos serviços de polinização. Essa coexistência será muito bem-vinda para o desenvolvimento sustentável do Brasil”, afirmou.
Segundo a Embrapa, avanços significativos foram alcançados desde o início do programa, em agosto de 2022, e foram compartilhados durante o workshop, que foi transmitido ao vivo pelo canal da Embrapa no YouTube – confira.
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