Pesquisadores da Unesp descobrem uma nova estratégia reprodutiva ao observar a espécie Bokermannohyla astartea
Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro, descobriram uma nova estratégia reprodutiva a partir da observação de uma espécie de anuro endêmica e pouco conhecida da Mata Atlântica brasileira, a perereca Bokermannohyla astartea.
Nessa espécie, os girinos iniciam seu desenvolvimento dentro de bromélias e depois seguem para riachos, onde completam o ciclo até a fase adulta. A pesquisa, publicada na revista PLOS ONE, foi conduzida durante o doutorado de Leo Malagoli, atualmente chefe do Núcleo São Sebastião do Parque Estadual da Serra do Mar.
A investigação teve apoio da Fapesp por meio dos seguintes projetos: “Diversidade, distribuição e conservação da herpetofauna do Estado de São Paulo”, “Especiação de anfíbios anuros em ambientes de altitude”, “Diversidade, distribuição e conservação da herpetofauna do Estado de São Paulo”, “Especiação de anfíbios anuros em ambientes de altitude”, “Diversidade e conservação dos anfíbios brasileiros”, “Novas abordagens de ecologia e conservação: diversidade filogenética e funcional de anfíbios e serpentes da Mata Atlântica brasileira”, “Anfíbios do mosaico de áreas protegidas do Lagamar: diversidade, conservação e perspectivas” e “Uma abordagem multidisciplinar para o estudo da diversificação dos anfíbios: fase 2”.
Em entrevista à Assessoria de Imprensa da Unesp, Malagoli explica que os anuros se reproduzem por meio da fertilização externa, ou seja, as fêmeas liberam os óvulos na água e, em seguida, os machos liberam os espermatozoides. Após um tempo, os ovos eclodem dando origem aos girinos, que se desenvolvem no meio aquático até a fase adulta.
No caso da B. astartea, a fêmea deposita os óvulos no interior de bromélias terrestres localizadas nas margens de riachos. Após a eclosão dos ovos, os girinos permanecem dentro da planta, que acumula água em seu interior, durante os estágios iniciais de desenvolvimento.
Já um pouco crescidos, os animais saltam ou são carregados para riachos por fortes chuvas que inundam as bromélias e lá completam o processo de metamorfose. “A grande novidade do modo reprodutivo que descrevemos é a mudança de um microambiente com espaço e alimento limitados para corpos d’água de maior porte, localizados logo abaixo ou ao lado das bromélias”, explica Malagoli.
Para o pesquisador, é possível que os girinos permaneçam nas bromélias durante um período por ser um ambiente mais seguro, com menos predadores.