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Chimpanzés usam insetos como remédio, mostra estudo

Chimpanzés usam insetos como remédio, mostra estudo
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Pesquisadores da Universidade de Osnabrück, na Alemanha, e do Ozouga Chimpanzee Project, no Gabão, descobriram um comportamento nunca antes documentado em chimpanzés: a aplicação de insetos, em si mesmos e nos outros, como forma de medicação para suas feridas.

O fenômeno foi observado pela primeira vez em novembro de 2019, quando a voluntária Alessandra Mascaro viu uma fêmea cuidando do pé ferido de seu filho adolescente.

Em vídeo, ela registrou a mãe estendendo a mão para pegar algo, que então colocou nos lábios e aplicou na ferida do filho.

Após outro registro, pesquisadores concluíram que os objetos capturados eram insetos voadores. Passaram a acompanhar de perto indivíduos com ferimentos e, em 15 meses, documentaram um total de 22 aplicações de insetos em feridas de chimpanzés.

Entre os registros, três foram do animal aplicando insetos em feridas de seus pares, o que chamou a atenção da bióloga cognitiva Simone Pika, uma das coordenadoras do projeto.

“Foi particularmente marcante testemunhar que os indivíduos não só tratam os seus, mas também as feridas de outros, sem parentesco. Tais exemplos de comportamentos pró-sociais claros são raramente observados em espécies não humanas”, afirma Simone.

Chimpanzé fêmea, Roxy, aplica um inseto em ferida no rosto de Thea, macho.
Chimpanzé fêmea, Roxy, aplica um inseto em ferida no rosto de Thea, macho.

Propriedades terapêuticas dos insetos

automedicação já havia sido observada em outros animais, incluindo insetos, répteis, aves e mamíferos. “Nossos dois parentes vivos mais próximos, chimpanzés e bonobos, por exemplo, engolem folhas de plantas com propriedades anti-helmínticas (vermífugas) e mastigam folhas amargas que têm propriedades químicas para matar parasitas intestinais”, relata Simone.

Os especialistas têm a hipótese de que a aplicação de matéria animal em feridas abertas se deva a propriedades antissépticas ou anti-inflamatórias dos insetos, já que diversas espécies têm efeitos antibióticos e antivirais comprovados cientificamente.

Outra hipótese sugere que o comportamento seja relativo a questões culturais locais, assim como diversos dos tratamentos realizados nas sociedades humanas que não possuem consequências medicinais.

Compreender mais sobre as motivações do fenômeno é o objetivo da próxima etapa do projeto, que se propõe a recuperar os restos dos insetos utilizados pelos chimpanzés, identificar suas espécies e investigar potenciais propriedades farmacêuticas.

Os cientistas também pretendem investigar quem são os principais atores e receptores do comportamento, assim como os processos de aprendizagem social que levam à sua transmissão.

ARTIGO Current Biology: doi.org/10.1016/j.cub.2021.12.045

Por Tecmundo

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Trajano Xavier

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