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Comprovado: aquecimento global já está causando grandes impactos no Sudeste

Comprovado: aquecimento global já está causando grandes impactos no Sudeste
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Pesquisa da USP mostra que o aquecimento global já está impactando o Sudeste brasileiro, e prova que o fenômeno está sendo causado majoritariamente pelo ser humano.

Se existe hoje um consenso quase universal na ciência, é de que o aquecimento global está sendo causado pelo ser humano e terá grandes consequências no nosso futuro. Até mesmo países em embate político constante concordam nisso – Estados Unidos e China, Federação Russa e Ucrânia, Inglaterra e Índia – o que por si só já prova que essa questão está acima de ideais políticos.

Pesquisadores e cientistas brasileiros, por sua vez, também têm confirmado a influência do aquecimento global no nosso país, através de centenas de pesquisas e dados meteorológicos coletados nas últimas décadas. É o caso de uma tese produzida recentemente na Universidade de São Paulo (USP) pelo Dr. Rafael Cesário de Abreu.

A pesquisa mostra que o aquecimento global já está afetando o Sudeste de uma maneira mais pronunciada do que o esperado. E isso é gravíssimo – todas as áreas mais populosas da região são habitadas por pessoas em posições vulneráveis, que podem ser prejudicadas severamente pelas mudanças climáticas nos próximos anos.

Como provar que o aquecimento global está influenciando o Sudeste do Brasil?

O trabalho utilizou técnicas estatísticas bastante avançadas para analisar séries de dados meteorológicos. Sem entrar em grandes detalhes sobre a matemática – que já está minuciosamente explicada na tese – o mais importante é que os resultados mostraram que é impossível explicar o aquecimento registrado no Sudeste apenas com a variabilidade climática natural do planeta.

“Apesar de efeitos naturais, como ciclo solar e atividade vulcânica, de fato serem responsáveis por mudanças de temperatura significativas no passado, não há evidências de que isso esteja ocorrendo atualmente – Rafael Cesário, USP.”

Vale notar que esse aquecimento não é uniforme. Existe uma variabilidade grande ao longo de todo o Sudeste, especialmente entre áreas urbanas e rurais – que respondem de maneira diferente às mudanças. Além disso, o aquecimento se mostrou mais pronunciado nas temperaturas mínimas do que nas máximas.

Há estudos que ligam o aquecimento a um aumento na chance de eventos extremos de chuva na região, aumentando também a frequência de enchentes e deslizamentos de terra.

Ainda assim, a única maneira de explicar esse aquecimento é, de fato, incluindo a influência dos seres humanos na equação. A atividade humana é, de longe, a maior responsável por causar as mudanças climáticas que estão sendo registradas no Sudeste – E sim, as temperaturas estão aumentado ao longo das últimas décadas, fato comprovado por inúmeros registros meteorológicos.

“O aumento da temperatura no Sudeste não trará consequências positivas para a região. Há estudos que mostram um aumento na probabilidade de eventos extremos de chuva, aumentando também a frequência de enchentes e deslizamentos de terra. – Rafael Cesário, USP.”

Outra conclusão importante da tese é de que as mudanças registradas em pequena escala são semelhantes às mudanças de temperatura média global. O que isso significa? Que os impactos do aquecimento global estão se tornando cada vez mais perceptíveis e relevantes em pequena escala, e portanto serão cada vez mais percebidos por nós em nosso dia-a-dia.

O que podemos fazer para controlar as mudanças climáticas?

Atitudes individuais básicas como consumir de maneira consciente, evitando a compra de produtos cuja produção denigre o meio-ambiente; destinar corretamente seu lixo reciclável e orgânico; e até mesmo reduzir o consumo de carne podem ajudar a reduzir o impacto das mudanças climáticas.

Mas o mais importante é apoiar de maneira consciente políticas a favor do meio-ambiente – especialmente aquelas cujo intuito é reduzir a emissão de poluentes das indústrias e ampliar a adoção de fontes de energia renováveis. Neutralizar a emissão de carbono não é mais apenas uma prioridade, é uma emergência.

Em áreas urbanas, projetos de arborização e cidade verde podem ajudar a combater o aquecimento local, que é potencializado pelo efeito de ilha de calor urbano.

Além disso, como o grau de urbanização se mostrou muito relevante para os resultados finais da pesquisa, a conclusão lógica é que políticas com o intuito de tornar as cidades mais verdes também são cruciais para controlar os efeitos do clima nas grandes cidades brasileiras. Políticas de reflorestamento também – em resumo, quanto mais vegetação, melhor.

“A principal ação deve ser o controle do desmatamento, que tem impacto direto no regime de chuvas. Além disso, em áreas urbanas, projetos de arborização e cidade verde podem ajudar a combater o aquecimento local, que é potencializado pela ilha de calor urbano – Rafael Cesário, USP.”

Cientistas têm demonstrado que países subdesenvolvidos – como o próprio Brasil – serão os mais prejudicados pelo aquecimento global. Nós temos em nossas mãos o potencial de liderar o mundo nas questões ambientais, mas perder essa oportunidade pode comprometer o futuro do país de maneiras inimagináveis. É hora de agir.

Fonte:  Anda – Tempo
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Trajano Xavier

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