As cicas, conhecidas por serem as plantas com as sementes mais antigas do mundo, estão sendo retiradas da natureza no mesmo ritmo da caça de rinocerontes e elefantes, alerta estudo
Uma antiga árvore da época dos dinossauros e que, ao contrário dos répteis gigantes, ainda habita a Terra, poderá ser extinta por conta de um grupo de colecionadores ávidos por este tipo de vegetação. As cicadáceas, também conhecidas como cicas, são as plantas com as sementes mais antigas do mundo e estão sendo buscadas em pé de igualdade com rinocerontes e elefantes, alertaram recentemente analistas da Iniciativa Global Contra o Crime Organizado Transnacional (GITOC).
Segundo os pesquisadores, este comércio ilícito está sendo disfarçado dentro de um mercado legal, dando cobertura para traficantes e colecionadores que desejam replantar cicadáceas raras em seus jardins, como símbolo de status e de riqueza. A África do Sul é um dos países com maior diversidade de cicadáceas e lar de 38 espécies — 29 das quais não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo. Até o momento, três espécies já foram extintas da natureza e metade das restantes caminha na mesma direção, de acordo com a mais recente avaliação de risco da Iniciativa Global.
No jardim botânico nacional da Cidade do Cabo, capital do país, a cicadácea mais rara é mantida em uma gaiola para evitar que caçadores furtivos a desenterrem, após um ataque em 2014. Os motivos dessa feroz e destrutiva corrida pelas cicas são o seu apelo pré-histórico e o fato de que elas podem viver por mil anos produzindo novas ramificações a partir da base de seu tronco.
Quanto mais escassas na natureza, mais o valor das cicas aumenta, e uma obsessão semelhante à das orquídeas se instala ao redor do mundo. Todas as centenas de cicadáceas confiscadas pela polícia na província de Eastern Cape nos últimos anos estavam na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, demonstrando a preferência do mercado por espécies ameaçadas.
O que pode ser feito para salvar as cicas?
Cientistas da Universidade da Cidade do Cabo estão identificando cicadáceas selvagens usando datação por radiocarbono, que dá um selo “hiperlocal” sobre onde elas cresceram. O pesquisador Daniel Stiles disse ao portal Euro News que “as espécies mais raras poderiam ser propagadas por uma instalação não comercial e disponibilizadas para compra a preços razoáveis. Por que comprar exemplares retirados da natureza a preços altíssimos quando você pode comprar a preços acessíveis em outro lugar?”.
Fonte: Um Só Planeta