Couro ecológico é feito de fibras e resíduos agrícolas
Produto desenvolvido na Austrália não usa plástico ou materiais sintéticos, garantindo um couro mais sustentável e realmente ecológico
Muitas das alternativas ecológicas para substituir o couro animal na fabricação de diversos produtos acabam trazendo um outro problema nada ecológico o uso do plástico como matéria-prima do material. Mas, uma solução foi encontrada na Austrália, pela startup Alt. Leather, com sede em Melbourne. O couro desenvolvido pela empresa é feito de fibras naturais e resíduos agrícolas – nada de poluição plástica ou pele de animais.
A aparência e o toque são muito semelhantes ao couro animal e o novo produto pode substituir o couro convencional nas indústrias de calçados, moda, estofados e automotiva. Quem afirma isso é a Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth (CSIRO), em um comunicado enviado à imprensa.
“Nossos cientistas de materiais desenvolveram uma fórmula inovadora que atende aos padrões globais ISO para resistência, resistência à abrasão, flexibilidade e solidez da cor”, garante a startup em seu site. “10% dos nossos ingredientes são reciclados de têxteis e celulose destinados a aterros sanitários ou incineração. 100% dos nossos ingredientes são derivados de plantas regenerativas disponíveis em abundância globalmente”.
O couro ecológico foi projetado levando em conta também o final da vida útil do produto e a startup está agora fazendo testes para avaliar como ele pode ser reciclado ou se decompor quando descartado.
Essa solução pode ajudar a substituir o couro animal, com o mesmo desempenho, mas sem todo o impacto ambiental relacionado à produção da versão convencional, somando sustentabilidade e circularidade à cadeia.
“Cada ingrediente que escolhemos é cuidadosamente considerado para garantir que estamos explorando recursos regenerativos e abundantes globalmente. Polissacarídeos como celulose e amidos, fibras recicladas e naturais e resinas derivadas de plantas são todos parte da nossa solução. Nós selecionamos milhares de combinações de ingredientes à base de plantas para desenvolver nossa tecnologia pioneira no mundo”, conta Tina Funder, CEO e fundadora da Alt. Leather.
Tina identificou uma lacuna de mercado para alternativas aos couros sintéticos e animais. Mas a startup não tinha acesso ao equipamento especializado necessário para refinar seus processos de produção de materiais, então contatou o apoio da CSIRO para obter ajuda.
A equipe começou testando seu material em extrusoras de pequena escala, máquinas que moldam e formam o material forçando-o através de um molde. Uma vez que o material teve um bom desempenho, eles mudaram para uma extrusora maior, o que lhes permitiu testar a viabilidade da produção em uma escala maior.
Por meio do programa India Australia RISE Accelerator e da coorte Circular Economy do CSIRO , a Alt. Leather conseguiu acesso direto aos fabricantes indianos Chennai e Noida, onde seus calçados e bolsas eram produzidos. Eles também conseguiram obter suporte individual de especialistas do setor e facilitadores do programa na Índia e na Austrália.
“Para a Alt. Leather, esse suporte foi essencial para desbloquear a prontidão comercial de sua solução sustentável e circular – uma alternativa essencial, já que as empresas enfrentam uma pressão cada vez maior para reduzir seu impacto ambiental”, conta Tina.
Hoje a Alt. Leather está trabalhando para melhorar o desempenho e a composição de seu material por meio de testes regulares de formulação. Ela também está buscando parcerias com marcas internacionais e australianas que queiram incorporar uma alternativa de couro sustentável em seus produtos.
“Aprendemos a navegar em cadeias de suprimentos e cenários de fabricação internacionais, o que nos posiciona bem para expansão global”, acrescentou Funder.
