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Da América a Europa. Tartaruga bebé sobrevive após ser arrastada por 6 mil km

Da América a Europa. Tartaruga bebé sobrevive após ser arrastada por 6 mil km
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Évno Dingle Oceanworld, na cidade de Tipperary, na Irlanda, que a pequena Cróga está a recuperar. A tartaruga com menos de um ano estava à beira da morte quando chegou ao aquário há cerca de duas semanas. Com o corpo cheio de marcas, desidratada e a sofrer de hipotermia, foi imediatamente encaminhada para o centro de reabilitação. Hoje, já está a desenvolver-se, mas ainda precisa de lá ficar por pelo menos dois meses.

Apesar de não ser incomum ver a espécie na costa da Irlanda, é extremamente raro vê-la com vida. Os filhotes são encontrados mortos na água pois não sobrevivem à jornada. A grande sorte da pequena Cróga, batizada em homenagem a palavra irlandesa para “coragem”,  foi uma família local que a encontrou entre as pedras de uma praia na Península da Tainha, com a carapaça virada para baixo.

Subnutrida e a sofrer de uma hipotermia que quase a deixou paralisada, a tartaruga ficou em observação num pequeno centro local à espera que Kevin Flannery, diretor do Dingle Oceanworld, conduzisse por 12 horas para a buscar. Já no aquário, foi injetada com solução salina, teve vaselina aplicada nas partes danificadas da carapaça e a temperatura do corpo aumentada lentamente durante alguns dias para evitar que entrasse em estado de choque novamente.

Por causa do estado crítico, a sua sobrevivência era um assunto delicado. Se não bastasse, também estava a mais de 6 mil quilómetros de casa, disse Caitlin Bovery, gerente de reabilitação do Aquário Nacional de Baltimore, nos Estados Unidos, ao jornal “The Washington Post”. Mas apenas o facto de ainda estar viva já era um milagre e depois de tudo que passou, a tartaruga não pretendia desistir.

A espécie nidifica no sudeste do país norte-americano, entre os estados da Carolina do Sul e do Norte e a Flórida. Por causa da idade e do tamanho, estima-se que a pequena tenha nascido no verão passado. Quando bebés, nadam em direção às águas quentes da corrente do Golfo, onde residem em sargaços flutuantes, isto é, um conjunto de algas que serve como lar para vários peixes, camarões e caranguejos. São nesses abrigos que os répteis vivem durante meses ou até anos, como uma espécie de “infantário”, avançou Kevin Flannery.

Já adultos e mais fortes, nadam para as ilhas Canárias, na costa da África. Porém, graças às fortes tempestades, milhares de filhotes são desviados da sua jornada e empurrados para o norte. Além de não saberem nadar propriamente e tornarem-se presas mais fáceis para os predadores, enfrentam o contacto com a água fria. Para os répteis, a exposição prolongada ao frio diminui a temperatura do corpo, tornando-os mais fracos.

Cróga é uma sobrevivente.

Durante a viagem, algumas são arrastadas para a costa irlandesa. Mas não têm um final feliz. “Muito raramente elas estão vivas porque, nesta fase, passaram um mês no mar a serem ‘espancadas’ e incapazes de se defenderem sozinha”, explicou Kevin.

Além disso, na idade de Cróga e segundo o diretor, as tartarugas costumam pesar entre 20 e 40 quilos. Quando foi resgatada, tinha meio quilo. Desde então, conseguiu ganhar quase um quilo e está a alimentar-se “loucamente”.

A filhote irá ficar no centro de reabilitação do Dingle Oceanworld por pelo menos mais dois meses. Quando estiver mais forte e a equipa ter a certeza de que não está doente, será transportada para as águas mais quentes das ilhas Canárias.“É lá que elas passam a adolescência antes de voltar para as Caraíbas na corrente do Mar Caribe. Quando têm cerca de 20 ou 30 anos, a fêmea vai para a areia nidificar”, explicou ao jornal “Irish Time”.

Apesar de ter estado à beira da morte e está a ter uma recuperação sensível, o diretor avançou que “não há motivos” para acreditar que Cróga não se irá recuperar por completo. Em breve, a pequena estará livre para viver o que perdeu nos últimos meses.

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Trajano Xavier

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