Despoluição de rio em Portugal faz aparições de golfinhos aumentarem 20 vezes
Projeto na capital portuguesa vem há dez anos recuperando o rio, que passou a ter um incremento visível em sua biodiversidade
Uma iniciativa de despoluição do rio Tejo, que marca a paisagem de Lisboa, possibilitou que uma comitiva diferente esteja apta a receber os líderes mundiais que participam esta semana da Conferência dos Oceanos da ONU 2022 na capital portuguesa.
Após uma década de projeto para limpar as águas do imenso rio, o mais extenso do país, com 1100 km desde montanhas em território espanhol, a ocorrência de visitas de golfinhos saltou de uma média de dez para 200 vezes por ano na região, afirma o guia Bernardo Queiroz para a agência AP.
“Nos últimos 10 anos, com a melhoria da água, passamos a ver vida selvagem com muito mais frequência”, afirma Queiroz, que organiza passeios turísticos para ver animais no rio, como forma de reforçar o trabalho de preservação e conscientização.
As Nações Unidas esperam que a conferência — que aconteceu em Lisboa, Portugal, de 27 de junho a 01 de julho de 2022 — dê um novo impulso aos esforços para encontrar um acordo internacional sobre a proteção dos oceanos, uma questão legal que vem se mostrando de difícil arremate. Os oceanos cobrem cerca de 70% da superfície da Terra e fornecem alimentos e meios de subsistência para bilhões de pessoas. Sem um quadro jurídico abrangente sobre o alto mar, ativistas se referem a esse enorme território como a “maior área não regulamentada do planeta”.
ONU cita emergência nos oceanos
Os oceanos enfrentam uma ameaça “grave” do aquecimento global, poluição, acidificação e outros problemas, afirma a ONU.
“Infelizmente, tomamos os oceanos como garantidos e hoje enfrentamos o que eu chamaria de ‘emergência nos oceanos”, declarou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, aos delegados, na abertura da conferência. “Temos de inverter a maré. Oceanos saudáveis e produtivos são vitais para o nosso futuro comum”.
O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que é preciso “recuperar o tempo perdido e dar uma chance à esperança”. O chefe de Estado ainda complementou que o tempo das mudanças é agora, “antes que seja tarde”, e apelou que exista uma cooperação internacional.
Durante a conferência, governantes, empresários e cientistas vão discutir as melhores soluções para interromper a rápida degradação dos oceanos. Estão previstos quatro eventos especiais e mais de 250 eventos paralelos. Os eventos especiais abordam projetos de inovação liderados por jovens, economia azul sustentável, ligações entre água doce e salgada e ação para os oceanos a nível local e regional.
Alerta vermelho
Segundo o relatório Estado do Clima Mundial, da Organização Meteorológica Mundial, em 2021, os oceanos atingiram os níveis mais quentes e ácidos de todos os tempos. Ainda segundo o estudo, as emissões de carbono são as responsáveis pelo aquecimento dos mares, a sua acidificação e a perda de oxigênio, que ameaçam os ecossistemas e, por consequência, a segurança alimentar, o turismo e a economia mundiais. Entre as nações que mais correm riscos estão as ilhas localizadas no oceano Pacífico, que sofrem com águas ácidas, poluição e subida no nível do mar.
Foto: Andre Seale/VW PICS/Universal Images Group/Getty Images
Fonte: Um Só Planeta