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Duas espécies de rãs-de-vidro são descobertas perto de minas nos Andes

Duas espécies de rãs-de-vidro são descobertas perto de minas nos Andes
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Identificados por gravações de canto e exames de DNA, anfíbios ameaçados por desmatamento e mineração apresentam padrões de cores semelhantes e abdômen transparente

Duas novas espécies de rãs-de-vidro foram descobertas por uma equipe internacional de pesquisadores próximas a áreas de mineração nos Andes. Os anfíbios, que estão ameaçados de extinção, foram descritos em uma pesquisa publicada em 18 de março na revista Peer J.
Os animais ganharam nomes científicos de Hyalinobatrachium mashpi e Hyalinobatrachium nouns. Ambos têm padrões de cores semelhantes e abdômen transparente, sendo muito semelhantes a outros seres vivos do mesmo gênero. Há também semelhanças comportamentais, envolvendo cuidados parentais das novas espécies com os de sapos Hialinobatrachium.

A nova pesquisa é fruto de um trabalho de sete anos de observação de anfíbios na América Central e do Sul. Só no Andes, são encontrados mais de mil desses animais, a maioria em estreitas cadeias de montanhas e vales fluviais.

“Muitos desses locais são incrivelmente remotos, que é uma das razões pelas quais conseguimos descobrir novas espécies”, explica Becca Brunner, uma das principais autoras do estudo, em comunicado.

Sapo Hialinobatrachium mashpi observado em uma folha na região dos Andes do Equador (Foto: Lucas Bustamante/ Jaime Culebras)

Para o biólogo Juan M. Guayasamín, coautor da pesquisa, a identificação das duas rãs-de-vidro é um exemplo da “diversidade enigmática” dos Andes. Mas o trabalho não foi nada fácil: inicialmente, os pesquisadores confundiram H. mashpi com H.valerioi, uma outra rã-de-vidro praticamente indistinguível.
Ainda assim, ao compararem amostras de DNA e gravações de sons emitidos por espécies semelhantes na América Central, Colômbia e outras áreas do Equador, os cientistas discerniram com sucesso os sapos.

Brunner, que estuda vocalizações de anfíbios e bioacústica, identificou diferenças na frequência, duração e no tempo de áudios.

“Quando você analisa as diferentes características de canto de outros sapos de vidro, você pode dizer que os cantos de H. mashpi não se sobrepõem”, detalha a especialista. “Em outras palavras, seu canto é a característica mais distintiva da espécie”.

Apesar dos pesquisadores não terem conseguido gravar os sons das rãs H. nouns devido a uma dificuldade de acesso ao habitat delas, o DNA revelou por si só as diferenças genéticas entre esses anfíbios e as H. mashpi.
Agora, os cientistas estão preocupados em proteger esses animais, querendo classificá-los como “em perigo” na lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Além da mineração que ameaça os sapos, eles sofrem com o desmatamento relacionado à agricultura, que afetou, nas últimas décadas, as florestas onde vivem.
A capacidade de respirar debaixo d’água dos anfíbios via respiração cutânea também os torna ainda mais vulneráveis à poluição aquática e à destruição de seu habitat.

“Se uma empresa de mineração entrou e destruiu os poucos córregos onde sabemos que esses sapos existem, isso provavelmente significa a extinção da espécie”, alerta Brunner.

Fonte: Revista Galileu

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Trajano Xavier

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