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Esta águia tentou chocar uma pedra. Agora, é “pai” de um filhote órfão

Esta águia tentou chocar uma pedra. Agora, é “pai” de um filhote órfão
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Murphy é uma verdadeira estrela no World Bird Sanctuary, onde já vive há 30 anos A sua fama é tanta que quando os visitantes começaram a perceber que a Águia-de-cabeça-branca não estava a movimentar-se com tanta frequência, resolveram alertar os seus cuidadores. Mas estes já sabiam o que se passava e depois de vários dias, colocaram uma placa para tranquilizar os seus admiradores.

“Murphy não está ferido, doente ou em perigo”, lia-se. “Ele construiu um ninho no chão e está a incubar uma pedra com muito cuidado. Desejamos-lhe toda a sorte do mundo!”. Desde então, a história da ave de 31 anos que queria ser pai começou a ganhar atenção nas redes sociais. E alguns dias depois, Murphy realizou o seu sonho: adotou um cria.

Embora vivesse com duas fêmeas, o macho não tinha interesse em acasalar e resolveu seguir a vida de pai solteiro. A 8 de março, Kerstin, uma das cuidadoras, havia percebido que a águia estava deitada numa área da jaula “cuidadosamente decorada” com folhas e galhos. No centro, uma surpresa: uma pedra.

Com o tempo, Murphy começou a comportar-se de forma “extremamente protetora” com o seu famoso RockBaby (bebé pedra, em português), e “gritava e atacava” qualquer outra ave que se aproximasse. “As outras águias começaram a ficar stressadas e com medo de se movimentarem. Por isso, a equipa resolveu mudar Murphy e o seu bebé pedra para um sítio privado”, explicou o santuário localizado no Estado do Missouri, Estados Unidos.

No novo lar, Murphy não desistiu da cria e começou a colecionar cada vez mais admiradores que, nas redes sociais, imploravam ao espaço por um ovo verdadeiro. Porém, o destino já tinha planos para o papá. Na mesma semana, um ninho com dois filhotes foi derrubado por ventos fortes na região. Uma das crias acabou por morrer e a outra, foi resgatada e enviada ao santuário.

Lá, Eaglet, como ficou conhecido o filhote, foi submetido a vários exames que determinaram que havia sofrido “danos significativos” e não conseguiria sobreviver na natureza. Por isso, o santuário seria o seu lar definitivo. A cria começou a ser alimentada pelos cuidadores que estavam a planear apresentá-la à uma das águias adultas. E Murphy foi o escolhido.

Embora aos seus 31 anos nunca tenha criado um filhote, os seus instintos paternais “estavam em alta” e a equipa resolveu dar-lhe uma oportunidade. Eaglet foi colocado numa pequena jaula transparente, utilizada para a introdução de novas aves, para ver como o macho reagiria.

“Assim que o adulto começa a aceitar o bebé, este sai da jaula para interagirem livremente”, explicou o santuário. “Ainda assim, as interações continuam a ser monitorizadas pela câmara de segurança para ver se o adulto está a alimentá-lo ou se ainda precisamos ajudá-lo”, acrescentou. O pai solteiro, porém, passou em todos os testes e ao ouvir o piar da cria, começou a proteger a área da jaula.

Na passada semana, o novo papá pôde interagir fisicamente com o filhote pela primeira vez. E os dois são inseparáveis. “Ele estava sentado numa pedra e todos disseram-lhe: ‘É uma pedra, não vai chocar’. E de repente, na sua mente, ele chocou-a e agora, tem um filhote”, disse Dawn Griffard, presidente do santuário.

“Murphy ainda está a aprender a ser pai”

A vida de pai solteiro não é fácil. Mas o que não falta em Murphy é determinação. “Ele está a aprender a ser pai. Por isso, ainda não é perfeito e tem muito o que aprender”, frisou o World Bird Sanctuary. Noutro dia, o novo papá construiu um ninho no chão mas acabou por o desmontar e a cria acabou por fugir.

“O próximo passo será construí-lo um ninho fixo. Quando trabalhamos com pássaros como este, não conseguimos prever tudo. Cada ave é diferente e comporta-se de maneira diferente. É o nosso trabalho reagir e fazer as mudanças necessárias”, realçou.

Atualmente, o santuário de 1.200 metros quadrados acolhe cerca de 200 aves e não tem qualquer apoio do governo local. É através de doações que consegue cuidar dos seus residentes — todos resgatados e que não podem viver na natureza — e pagar os funcionários que diariamente estão no terreno a ajudá-los.

Murphy já lá vive há 30 anos e nos anos 90, foi resgatado com uma perna partida. Depois de a curar, foi devolvido à natureza porém, dias depois, voltou com uma asa também partida e os voluntários concluíram que não conseguiria mais voar. Desde então, passou a viver no santuário.

Segundo este, não é incomum ver os pássaros a tentarem chocar pedras no período de acasalamento. Nesta altura, as aves têm as hormonas elevadas e quando não a libertam, tentam incubar objetos como pedras ou bolas de golf. Ainda assim, a equipa frisou que “nunca viu” um pássaro a proteger o seu ninho com tanta agressividade.

Por outro lado, os dias de stress chegaram ao fim e Murphy tem a companhia que sempre quis. A dupla está a aproximar-se cada vez mais e vive num espaço grande que, embora seja protegido dos predadores, é aberto e permite que sinta todas as temperaturas da natureza.

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Trajano Xavier

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