O mundo está enfrentando uma crise do plástico.
A cada ano, metade de todo o plástico projetado para uso único – coisas como garrafas, copos de isopor e sacolas de compras – vira lixo, entupindo aterros sanitários e se decompondo lentamente ao liberar gases nocivos do efeito estufa, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Mais de 14 milhões de toneladas acabam na água todos os anos, apontam os dados, matando animais e degradando habitats subaquáticos.
Entre os plásticos, o isopor é particularmente problemático.
O material é denso e ocupa muito espaço, tornando caro o armazenamento em instalações sanitárias (aterros), disseram especialistas do setor.
Os copos, pratos e outros materiais feitos a partir dele também são frequentemente contaminados com alimentos e bebidas, dificultando a reciclagem.
O poliestireno enche aterros sanitários, onde pode levar até 500 anos para se decomporem, conforme os pesquisadores.
À medida que a crise do lixo aumenta, cientistas de todo o mundo estão tentando encontrar bactérias e outros organismos vivos que eliminam naturalmente os resíduos plásticos.
Em 2015, pesquisadores da Universidade de Stanford revelaram que larvas de farinha também podem sobreviver em isopor.
No ano seguinte, cientistas japoneses descobriram bactérias que podiam comer garrafas plásticas.
Em abril, pesquisadores da Universidade do Texas encontraram uma enzima capaz de digerir o tereftalato de polietileno, uma resina plástica encontrada em roupas, líquidos e recipientes de alimentos.
Wei-min Wu, pesquisador sênior da Universidade de Stanford que liderou seu estudo sobre o bicho-da-farinha, disse que há um número crescente de pesquisadores em busca de soluções naturais para reciclar plástico por causa dos riscos ambientais.
Ele disse que muitos pesquisadores neste campo, incluindo os da Austrália, enfrentarão vários desafios nos próximos anos.
Levará tempo para estudar as enzimas intestinais de coisas como larvas de farinha e super-vermes e, quando o fizerem, não é garantido que possam digerir plásticos em grandes escala a uma taxa rápida e eficiente.
Rinke disse que estava entusiasmado com os resultados de sua pesquisa, mas observou que levará tempo para se desenvolver uma solução industrial, estimando algo entre cinco a 10 anos.
Para conduzir o estudo, sua equipe de pesquisa na Austrália alimentou os supervermes com três dietas separadas.
Um grupo recebeu uma solução “saudável” de farelo.
O segundo recebeu poliestireno.
O terceiro foi colocado em uma dieta de fome.
Noventa por cento das larvas que comeram farelo se tornaram besouros, em comparação com cerca de 66 por cento do grupo que recebeu poliestireno e 10 por cento daqueles forçados a morrer de fome.
Isso indicou aos pesquisadores que os supervermes têm enzimas em seu intestino que podem efetivamente digerir o isopor.
Em seguida, os cientistas estudarão essas enzimas para ver quão bem elas podem digerir o poliestireno em larga escala – modificando-as, se necessário, para se tornarem mais eficazes.
“Não queremos ter fazendas gigantes de supervermes”, disse ele.
“Em vez disso, queremos nos concentrar na enzima.”
Os cientistas descobriram que o “superverme” comum zophobas morio pode comer poliestireno, graças a uma enzima bacteriana em seu intestino. (Universidade de Queensland/AFP/Getty Images)