Estudantes da USP transformam caixas de leite em isolante térmico para casas de famílias vulneráveis
Moradias com frestas que não isolam o local do frio, do calor, da infiltração da água da chuva e até da passagem de insetos e pequenos animais, como escorpiões e aranhas. Já imaginou viver num local assim?
Essa é a realidade de centenas de famílias que vivem em uma ocupação em São Carlos, no interior de São Paulo. Para a regra virar exceção, estudantes da USP-São Carlos que integram a rede Enactus criaram o projeto Domus – do Latim, “Casa”.
Instalando caixas de leite nas paredes ou no forro da casa inteira, a turma proporciona maior conforto térmico às famílias do Acampamento Capão das Antas, na periferia da cidade.
A instalação
As caixinhas são fruto de doações de parceiros e postos de coleta espalhados por São Carlos, Ribeirão Preto e Ibaté, cidades vizinhas.
Aquelas que não foram cortadas são distribuídas para voluntários responsáveis por cortá-las e lavá-las. Depois, o material é encaminhado para uma costureira, remunerada, que então costura as caixas de leite uma na outra formando as placas instaladas nas moradias.
“No caso do revestimento das paredes utilizamos um grampeador de madeira para fixar as placas, já no caso dos tetos, temos que verificar se é necessário reforçar a estrutura com ripas. As placas são grampeadas na parte da estrutura feita de madeira e são presas entre si com abraçadeiras de nylon”, explica.
Além de conforto térmico e proteção contra a entrada de animais perigosos, o revestimento gera uma iluminação melhor do ambiente quando a luz é refletida nas caixinhas.
Agradecimento das famílias faz esforço valer a pena
As famílias impactadas só têm elogios ao trabalho dos estudantes e inspiram gratidão.
“Todos comentam sobre a melhora na temperatura da casa nos dias quentes. Falam que depois da nossa ação é mais tranquilo permanecer dentro de casa e até mesmo ter uma boa noite de sono.”
Para os estudantes, não há nada mais gratificante do que relatos como esse. Não é fácil conciliar as atividades do projeto com a graduação, “mas quando visitamos a comunidade e somos recebidos com depoimentos e agradecimentos, todo o nosso trabalho faz sentido”.
Desde o início das suas atividades, o Domus revestiu 14 casas e transformou mais de 50 vidas com uma tecnologia social 60% mais barata do que revestimentos térmicos convencionais, como a alvenaria, por exemplo.
Próximos passos
Hoje, o projeto atua exclusivamente no Capão das Antas, mas a ideia é expandi-lo para impactar pessoas que vivem em moradias precárias em outras regiões do país.
Para isso, os estudantes participam de editais promovidos pela Enactus e contam com o apoio de parceiros, como empresas e institutos.
A ideia é tornar o Domus uma organização sem fins lucrativos e melhorar cada vez mais o revestimento, tanto que os estudantes estão desenvolvendo pesquisas com o Centro de Recursos Hídricos e Estudantes Ambientais da Universidade de São Paulo para aprimorar e aumentar sua eficiência.
Fonte: Razões para Acreditar