Filhotes de ave do Nordeste quase extinta nascem após 37 anos
A ararinha-azul é uma das aves mais emblemáticas do Brasil, mas também uma das mais ameaçadas de extinção. Por décadas, essa espécie foi vítima do tráfico de animais e da degradação ambiental, chegando a desaparecer da natureza há mais de 20 anos. No entanto, graças aos esforços de conservação de diversas instituições, a ararinha-azul está voltando a colorir os céus do sertão baiano.
Em março deste ano, uma notícia trouxe esperança para a sobrevivência dessa espécie: dois filhotes de ararinha-azul nasceram na cidade de Curaçá, na região norte da Bahia. Esse foi o primeiro registro de reprodução natural da espécie em seu habitat original em 37 anos. Os pais dos filhotes estão soltos na natureza desde o ano passado, como parte do programa de reintrodução das ararinhas-azuis da ONG alemã Associação para a Conservação de Papagaios Ameaçados (ACTP), em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Nascimento de ararinhas-azuis é marco histórico
O nascimento dos filhotes representa um marco histórico para a conservação da biodiversidade brasileira e mundial. A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é uma espécie endêmica do Brasil, ou seja, só ocorre naturalmente em nosso país. Ela faz parte do bioma da Caatinga, um dos mais ricos e ameaçados do mundo. A ararinha-azul se alimenta principalmente de frutos e sementes de plantas nativas, como a caraibeira, e tem um papel importante na dispersão dessas sementes.
A ave também é um símbolo cultural do Brasil, aparecendo em obras de arte, literatura e cinema. O filme “Rio”, lançado em 2011, conta a história de uma ararinha-azul que vive em cativeiro nos Estados Unidos e viaja para o Brasil para encontrar uma possível parceira. O filme se inspirou na história real da última ararinha-azul vista na natureza, que foi vista em 2000 na companhia de uma fêmea de outra espécie, a arara Maracanã. O destino dessa ararinha-azul ainda é desconhecido.
Ararinha-azul é exemplo da ação humana danosa
A história da ararinha-azul é um exemplo de como a ação humana pode causar danos irreversíveis à natureza, mas também de como podemos reverter essa situação com dedicação e cooperação. O programa de reintrodução das ararinhas-azuis envolveu a repatriação de 52 aves que estavam em cativeiro no exterior, provenientes de criadores privados e zoológicos que colaboraram para preservar a espécie. Essas aves passaram por adaptação ao clima e à alimentação local antes de serem soltas na natureza.
Atualmente, existem 20 ararinhas-azuis vivendo livres no sertão baiano, sendo monitoradas por pesquisadores e protegidas por moradores locais. O objetivo é aumentar esse número para 50 até o final deste ano, e para 150 até 2025. Além disso, o programa visa recuperar o habitat das ararinhas-azuis, promovendo o reflorestamento e a educação ambiental.
A ararinha-azul é um patrimônio natural e cultural do Brasil, que merece valor e respeito. O nascimento dos filhotes é uma prova de que ainda há tempo para salvar essa espécie. E podemos fazer a diferença com nossas atitudes. A ararinha-azul é uma história de esperança para a conservação da biodiversidade.
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