Florada do ipê: entenda como funciona o ciclo da árvore que no inverno transforma a paisagem
Foto: Kiko Lobo Araújo
É no fim do inverno, no período mais seco do ano, que as flores dos ipês desabrocham em várias regiões do país e também no Centro-Oeste de Minas Gerais. O colorido que surge, em meio ao verde das matas e em cada esquina das cidades, transforma e deixa ainda mais exuberante o cenário no cerrado brasileiro.
Para entender sobre a florada dos ipês o G1 conversou com um botânico e para saber quais sensações a planta transmite às pessoas, a reportagem também consultou uma psicóloga.
Uma das principais dúvidas de quem anualmente observa as plantas é sobre o período da florada. “Eu sou uma admiradora dos ipês, nunca vi eles florescerem todos juntos e tenho dúvidas quanto ao período de cada cor”, disse a vendedora Gisele Barros.
Em esclarecimento à dúvida, o botânico Luís Caldas disse que cada tipo de ipê tem uma época de florada. Segundo ele, é justamente no fim do inverno, entre a segunda quinzena de agosto até setembro, que surgem as flores amarelas, mas antes delas as flores roxas já deram o ar da graça. Ou seja, pela ordem elas são as primeiras a florir, depois as flores amarelas e por último o ipê branco, considerado mais raro, assim como o bicolor e o ipê verde.
No entanto, mesmo havendo períodos distintos para as floradas, nem sempre é uma regra. Isso porque as influências climáticas, como incidência de chuvas e de frio interferem nas temporadas dos ipês e em alguns anos eles podem florescer ao mesmo tempo.
“Pode haver anos em que vamos ver todas as cores juntas no cerrado, não respeitando o período de florada em que normalmente temos com o roxo antes do amarelo e por último o branco intercalado com os demais”, disse.
Fato é, que estando todos juntos ou cada um florescendo a seu tempo o que a planta transmite de sentimento é faz bem para todos, principalmente em tempos frios, secos e de distanciamento, segundo a psicóloga Amanda Paz Amaral.
“Sempre que os nossos olhos veem algo bonito e agradável liberamos hormônios do bem estar e esses hormônios são altamente benéficos ao nosso organismo e à nossa mente, mesmo que instantaneamente. Ver uma linda flor e se encantar com ela é algo extremamente natural, mesmo as pessoa que não são muito fãs do cultivo de plantas em si”, falou.
“Ter os ipês colorindo nossas paisagens é um prestígio para a nossa região. O encantamento que eles produzem é nítido. Basta nos atentarmos às redes sociais, onde frequentemente uma pessoa ou outra publica fotos das árvores de ipês. Ninguém quer publicar o que não faz bem e o que não é bonito, por via de regra. Portanto, sim, os ipês são um benefício enorme a todos nós. Nos sentimos bem, sorrimos e nos alegramos diante de um exuberante ipê”, pontuou.
A planta apresenta diversas curiosidades, a começar pelo nome. Ipê é originário da língua tupi e significa casca dura. Tanto, que os índios utilizavam a madeira destas árvores para fazer arcos de caça e de defesa.
O ipê amarelo já foi alvo de um decreto presidencial em 1961, quando Jânio Quadros, declarou que a espécie estaria imune ao corte, como forma de preservar a árvore símbolo do Brasil.
Na roça, entre os mais velhos, há quem diga que quando o ipê amarelo floresce é sinal de que vem chuva para molhar a terra seca.
O botânico esclarece ainda, que antes de florescer, as folhas caem e as árvores ficam secas. mas quando as flores desabrocham, entre junho e setembro, a natureza fica em festa.
Apesar de serem mais comuns os ipês de cor roxa, rosa, amarelo e branco há outros tipos da planta que estão inclusive ameaçadora de extinção. Por isso, é importante preservar, já que quando não há a ajuda do homem na hora de disseminar a espécie, o ipê conta apenas com o vento para levar as sementes e se reproduzir.
Por G1