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Folhas de 23 milhões de anos revelam altos níveis de carbono no passado

Folhas de 23 milhões de anos revelam altos níveis de carbono no passado
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Analisando fósseis da Nova Zelândia, pesquisadores mostraram que não é de hoje que o CO2 vem contribuindo para o aquecimento do planeta

Após analisar as folhas de uma floresta neozelandesa de 23 milhões de anos, cientistas da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, e da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, associaram, pela primeira vez, altos níveis de dióxido de carbono (CO2) atmosférico com o aumento do crescimento das plantas e o clima quente no planeta. Os resultados foram publicados na revista Climate of the Past.
A descoberta contribui para entender como o aumento do CO2 aquece a Terra e como a dinâmica da vida das plantas pode mudar dentro de décadas, quando os níveis de dióxido de carbono podem chegar perto aos de milhões de anos atrás.

Os pesquisadores coletaram folhas de uma região da Nova Zelândia que contêm resquícios de plantas, algas, aranhas, besouros, moscas, fungos e outros seres vivos de um período quente conhecido como início do Mioceno — entre 23 e 5,3 milhões de anos atrás. Antes do estudo, já se acreditava que o CO2 era alto naquela época, e algumas plantas poderiam coletá-lo com mais eficiência para realizar a fotossíntese.
Os estudiosos analisaram os isótopos de carbono nas folhas de seis espécies de árvores encontradas no na região e conseguiram identificar o teor de carbono da atmosfera naquele período. Eles descobriram que os níveis de CO2 atmosférico não eram de 300 partes por milhão (ppm), como estudos anteriores sugerem, mas de 450 ppm. Os especialistas também notaram que as árvores eram supereficientes na sucção de carbono, sem perder muita água. Isso permitiu que eles crescessem em áreas muito secas.

“O surpreendente é que essas folhas são basicamente mumificadas, então temos suas composições químicas originais e podemos ver todas suas características no microscópio”, disse, em nota, Tammo Reichgelt, cientista adjunto do Observatório Terrestre Lamont-Doherty da Universidade de Connecticut e o autor principal do estudo.
Estudos anteriores já mostraram que, quando os níveis de CO2 aumentam, muitas plantas elevam sua taxa de fotossíntese, porque podem remover o carbono do ar com mais eficiência e conservar água ao fazer isso. Inclusive, uma pesquisa de 2016 baseada em dados de satélite da Nasa mostra um efeito de “ecologização global”: quase metade das terras com vegetação do planeta viram aumentos no volume das folhas de árvores e plantas desde os anos 1980. O efeito deverá continuar com o aumento dos níveis de CO2, principalmente devido aos níveis crescentes de dióxido de carbono produzido pela atividade humana.
Isso pode parecer uma boa notícia, mas a realidade é mais complexa, segundo os cientistas. O aumento da absorção de CO2 não chega nem perto de compensar o que os humanos estão despejando no ar. Nem todas as plantas podem tirar proveito e, entre aquelas que o fazem, os resultados podem variar dependendo da temperatura e da disponibilidade de água ou nutrientes.

Fonte: Revista Galileu

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Trajano Xavier

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