Hospital cultiva alimentos frescos e oferta a pacientes de baixa renda
Quantas vezes você já ouviu dizer que “você é que o que você come”? Ou quantas dicas já não ouviu sobre alimentos que podem contribuir para prevenir certas enfermidades? É crescente o número de iniciativas no universo da saúde que não só reconhece, mas também cria projetos para mostrar aos pacientes a importância de uma boa alimentação. Exemplo disso é o que vem acontecendo no Boston Medical Center (BMC) em Boston, Massachusetts (EUA), onde alimentos nutritivos são parte dos cuidados médicos.
O BMC, centro médico acadêmico sem fins lucrativos, criou um programa chamado Preventive Food Pantry (Despensa Preventiva de Alimentos). Por meio dele, cultiva alimentos no telhado do edifício e mantém uma despensa que fica à disposição dos pacientes. Cenouras, abobrinhas e tomates estão entre os vegetais que podem ser adquiridos gratuitamente. Uma iniciativa que ajuda milhares de famílias todos os meses.
A horta fornece hortaliças frescas e outras 25 espécies são cultivadas. Antes do cultivo no telhado – e até hoje – a despensa também disponibiliza outros mantimentos industrializados. O foco está em “prescrever” refeições a que o beneficiário precisa nutricionalmente, ou seja, adaptadas às suas condições. Desta forma, o centro médico ajuda, por exemplo, pacientes com câncer, HIV/AIDS, hipertensão, diabetes, obesidade, doenças cardíacas e outras condições crônicas.
O paciente pode ser encaminhado por um médico, enfermeiro ou assistente social. Geralmente, o que se leva em consideração é se o indivíduo vive em condição de insegurança alimentar. Bens perecíveis, como frutas e legumes frescos, são caros e portanto de difícil acesso a famílias de baixa renda.
Demanda
O projeto começou em 2001 para atender mulheres grávidas e crianças. Havia uma demanda enorme de mães que não tinham como alimentar seus filhos de forma adequada, o que gerava diversos problemas de saúde. De lá para cá, já foram atendidas mais de um milhão de pessoas. O atendimento foi sendo expandido ao longo do tempo e hoje há funcionários fluentes em quatro idiomas para ajudar pacientes refugiados e imigrantes.
Funcionando de segunda a sexta-feira, cada família, pode visitar a despensa a cada duas semanas e receber alimentos para três a quatro dias. Só em 2017, o programa forneceu comida a 83.288 pacientes e familiares.
Saúde pública
Como disse o médico Sachin H. Jain, em texto à Forbes, o “acesso a alimentos nutritivos desempenha um papel enorme no bem-estar”. Inclusive, vale a pena ler o relato do médico que conta o caso de uma paciente com HIV que melhorou seu quadro clínico após um médico conectá-la a uma rede de apoio tanto para alimentação como para controlar seu dinheiro e pagar o aluguel.
Considerar as condições sociais a que vivem às famílias é essencial e urgente. Já está mais do que comprovado que a alimentação é parte integrante da saúde e mesmo que a qualidade de vida das pessoas não seja prioridade dos governantes, será preciso colocar na conta que uma população doente gera mais custos a todo o sistema de saúde.
Ainda sobre a horta
Além de fornecer refeições saudáveis, os alimentos cultivados no topo do centro médico abastecem a lanchonete e são os protagonistas de um tour sobre agricultura e telhado verde, que acontece no local. Também são realizadas oficinas de jardinagem. A fazenda urbana reduz a pegada de carbono do hospital, aumenta o espaço verde e reduz o uso de energia – inclusive a energia necessária para o transporte de alimentos.
Fonte: Ciclo Vivo