iFood lança programa para incentivar a reciclagem do Isopor
Bastante usado em embalagens no delivery, o material é 100% reciclável, mas nem sempre processado por cooperativas; parceria com a Trashin busca mudar esse cenário
O que você faz com a embalagem de Isopor® da comida que chegou pelo delivery? Em vez de jogar no lixo comum, saiba que ela é 100% reciclável (afinal, esse material é derivado do plástico). Mas, por questões de logísticas e de volume, sua reciclagem não é tão comum, um cenário que o iFood e a TrashIn querem mudar com um novo programa de economia circular, o Reverte – Logística Reversa de Isopor®, que começa em novembro.
A ideia é conscientizar as pessoas de que o Isopor® deve ser descartado no lixo reciclável e oferecer soluções vantajosas para incentivar a reciclagem do material por cooperativas e indústrias — o projeto está alinhado ao compromisso Regenera do iFood, que pretende reduzir, até 2025, 50% do plástico no delivery.
A questão é que, por ser um material muito leve, o Isopor® tem bastante potencial poluente, pois pode voar facilmente até chegar a rios e mares. E, por ser volumoso mesmo sem ter muito peso, é desprezado na cadeia de reciclagem. Mas ele pode ser atraente a partir do momento em que se foca em qualidade e quantidade, aponta Camila Borges, analista de sustentabilidade sênior do iFood.
Camila explica que a necessidade de repensar o uso do Isopor® surgiu do fato de ele estar muito presente no delivery: “Sabemos que, entre os restaurantes, esse tipo de embalagem é muito utilizada”.
Uma das questões mais latentes quando se avalia o uso do Isopor® é seu tempo de decomposição. O material pode levar mais de 400 anos para se desintegrar. Além disso, quando descartado de forma incorreta, se transforma em microplástico, o que potencializa seu impacto ambiental.
Durante o MVP (Mínimo Produto Viável, uma espécie de teste de viabilidade de uma ideia ou produto) realizada pelo iFood com seus parceiros, verificou-se que a qualidade e boas condições do material pós-consumo pode aumentar seu valor no mercado. “Embora a tecnologia seja baixa no início da cadeia de reciclagem dentro das cooperativas, existe a possibilidade de se promover melhorias, tanto em termos de qualificação da mão de obra, quanto no que se refere à implementação de equipamentos”, explica Camila.
3 soluções para o desafio do Isopor®
Antes de iniciar os testes em campo, o iFood e a Trashin, em parceria com a consultoria Helice, realizaram um estudo da cadeia do Isopor® no Brasil, que considerou como premissas a logística do material, a abundância e o descarte correto, a tecnologia disponível nas cooperativas para sua reciclagem e o seu valor de mercado.
A partir daí, foram propostos três cenários de testes para avaliar a sua eficiência e índice de reciclagem:
1 – Iniciar o processo de reciclagem com uma cooperativa que não coleta Isopor® e com baixa tecnologia. Somente com o uso da prensa, equipamento mais comum entre as cooperativas;
2 – Adotar a tecnologia já existente em grandes cooperativas e compactar o material, visando otimizar a logística e o valor de venda;
3 – Transformar o Isopor® destinado para descarte em pellets e com isso analisar qual o seu potencial de reciclabilidade e mercado.
Segundo Camila, foi possível perceber que, nesse processo, tanto embalagens contaminadas de resíduos como aquelas que foram descartadas limpas podem ser destinadas à reciclagem corretamente. Um dos testes, em parceria com a indústria Innova, mostrou ser possível transformar as embalagens contaminadas em uma nova caixa de Isopor®. Já em parceria com a Santa Luzia, resultou na transformação do material em rodapés, com potencial de contribuição para a indústria da construção civil.
Agora, o projeto está em fase de implantação. Para isso, será feito um processo de aceleração de cooperativas, para desenvolvê-las e torná-las aptas a receber o Isopor® e outros tipos de resíduos e viabilizar a reciclagem desses materiais.
A operacionalização do programa será feita pela TrashIn. Para que a iniciativa seja sustentável e realmente tenha impacto na cadeia de reciclagem, Camila pontua a necessidade de envolvimento da sociedade: “O envolvimento da população e seus diferentes atores é fundamental para o desdobramento do programa e alcance de escala”, enfatiza Camila.
Como o iFood vai reduzir o uso de plástico
Para acelerar a redução do uso de plástico descartável nas entregas e oferecer soluções sustentáveis para a substituição das embalagens, o iFood tem buscado alternativas com parceiros, como a Suzano, Klabin e a growPack. Fabiane Staschower, especialista em Sustentabilidade do iFood explica que “o objetivo é tornar as embalagens sustentáveis mais acessíveis e igualar o preço com as soluções tradicionais, além de elevar os níveis de reciclagem do que ainda é produzido com plástico”.
Além da iniciativa de substituição e reciclagem de Isopor®, o iFood tem outras ações para reduzir o impacto do plástico no meio ambiente:
Amigos da Natureza
Com a campanha “Amigos da Natureza”, o aplicativo do iFood passou a dar aos clientes a opção de dispensar o envio de garfos, colheres, facas e canudos plásticos ao fazer o pedido. Até agora, 40% dos restaurantes já aderiram à iniciativa, resultando em mais de 260 milhões de pedidos enviados sem itens de plástico e evitando o uso de 510 toneladas de talheres e canudos plásticos.
Reciclagem
Com o objetivo de fortalecer a cadeia de reciclagem e dar o destino correto ao lixo, o iFood possui 80 PEVs (Ponto de Entrega Voluntária) no Rio de Janeiro, em São Paulo e na Bahia. Em parceria com a Manuia, lançou o Guia para Cidade Modelo em Gestão de Resíduos com o objetivo de apoiar e direcionar cidades na gestão de resíduos sólidos, uma imersão nos desafios da reciclagem do lixo no país e que foi elaborado tendo como base a Política e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
A capital cearense foi a primeira cidade a aderir esse modelo de gestão de resíduos, transformando o iFood em seu parceiro estratégico no Programa Fortaleza Mais Verde. O Projeto Re.Ciclo é fruto desta parceria, uma plataforma gratuita de coleta de recicláveis em Fortaleza. Tudo é coletado com triciclos elétricos, com baixa pegada de carbono, e direcionamos para as nossas associações de reciclagem parceiras.
Já Fui Bag
O projeto Já Fui Bag, em parceria com a Greening e a Retalhar, recolhe as mochilas do iFood que já não estão mais em condições de uso e transforma o material em novos produtos, como sacolas e pochetes, ou até em combustível para a indústria. Entre 2020 e 2021, 124 toneladas de bags já foram recuperadas em vez de ir para o aterro.