Inovação que vem da floresta: 100% Amazônia leva produtos regionais para mais de 60 países
Preservar a vitalidade da floresta enquanto enaltece a riqueza socioambiental da Amazônia levando produtos locais oriundos de uma cadeia produtiva justa e sustentável para mais de 60 países é o objetivo da 100% Amazônia, empresa fundada em 2009 e sediada em Belém do Pará.
Casadas, as brasileiras Fernanda Stefani e Joziane Alves resolveram expandir sua parceria para o negócio amazônico especializado em produtos florestais renováveis não madeireiros e no desenvolvimento da cadeia de suprimentos de ingredientes exclusivos para as indústrias de alimentos, bebidas e cosméticos.
Casadas, as brasileiras Fernanda Stefani e Joziane Alves resolveram expandir sua parceria para o negócio amazônico especializado no desenvolvimento da cadeia de suprimentos de ingredientes exclusivos da floresta fazendo a ponte entre comunidades locais e os clientes internacionais — Foto: Divulgação/Tereza Maciel
A 100% Amazônia faz a ponte entre comunidades locais e clientes internacionais gerenciando o comércio de matérias-primas e exportando esses produtos naturais da floresta enquanto promove uma cadeia produtiva e sustentável na região.
O seu primeiro contato com a cadeia produtiva de um produto amazônico foi em 2005 quando recebeu o convite para trabalhar em uma empresa internacional e montar a cadeia produtiva do açaí como matéria-prima principal. “Fiz isso entre 2006 e 2009 e me mudei para o Pará. Com meu olhar observador de economista, sempre tive essa tendência a entender os movimentos da sociedade e do ser humano e foi quando eu saí deste trabalho e resolvi investir junto com a Jô, minha parceira de vida, em algo próprio que valorizasse outros produtos da floresta que não apenas o açaí”.
Do anseio de duas mulheres que acreditavam uma na outra, surgiu um negócio focado em algo ainda maior: o futuro da Amazônia. Com a expertise da Fernanda em inteligência comercial voltada ao mercado externo, elas entenderam que o objetivo não seria alcançar apenas os brasileiros, mas outros países. “Colocamos como norte ‘levar a Amazônia para sua casa’ e o nome do negócio veio para facilitar a pronúncia em qualquer idioma”, explicou Fernanda.
Com investimento inicial de R$ 50 mil reais, hoje, a empresa tem parcerias em mais de 60 países com o foco no público B2B, ou seja, vendendo matéria-prima para que empresas utilizem os ingredientes em seus produtos finais. Além de possuir a certificação de Empresa B, a 100% Amazônia possui acreditação orgânica dentro da União Europeia, Estados Unidos e Coréia do Sul e conta com 50 produtos de 25 diferentes espécies amazônicas. Em 2020, o faturamento ultrapassou os R$10 milhões.
Para criar um comércio justo com as comunidades que oferecem a sua matéria-prima, foi necessário criar um vínculo respeitoso que envolvesse escuta ativa de necessidades e demandas. “Para isso, adotamos a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que prevê o direito de consulta prévia, uma poderosa ferramenta política para os povos indígenas serem consultados, de forma livre e informada, antes de serem tomadas decisões que possam afetar seus bens ou direitos. É uma ação simples, mas que gera toda diferença na nossa relação com eles”, comenta Fernanda.
Até este ano, a empresa trabalhava em parceria com fábricas locais na cidade de Belém para produzir manteigas de oleaginosas, polpas e óleos essenciais, por exemplo. Agora, a empresa investiu em uma fábrica própria onde poderá desenvolver todos seus produtos internamente. “Teremos mais liberdade para observar o mercado e produzir aquilo que sentimos ser o melhor, sem depender das fábricas e das máquinas oferecidas pelos nossos antigos parceiros”, explica a economista.
A partir de outubro, a empresa começará a produzir em uma fábrica própria que conta com o apoio de inteligência artificial e de três robôs na linha de produção — Foto: Divulgação/Graziella Caliman
A 100% Amazônia trabalha com quase 200 pessoas pertencentes a comunidades tradicionais e ajuda a conservar, por meio de seus produtos, cerca de 18 mil hectares de floresta. O objetivo é que nos próximos quatro anos, a empresa aumente em 10 vezes o impacto gerado, chegando a quase 2000 indivíduos, por meio da criação de cooperativas e associações entre essas comunidades.
“Outra novidade é que desenvolveremos uma iniciativa amparada em blockchain junto aos grupos de produtores parceiros para gerar a rastreabilidade de QR Code para comunicar a cadeia produtiva e a história das famílias que trabalham conosco”, informa Fernanda.
Entre 2019 e 2020 a empresa cresceu cerca de 50% e ganhou novos clientes durante a pandemia da Covid-19. Com sua fábrica própria operando a partir de outubro deste ano e a situação fiscal favorável, a empresa pretende redobrar os esforços para conquistar também o mercado nacional.
fonte: Um só Planeta