Investigações em vila no Pará revelam mais de 10 mil artefatos pré-coloniais
Pós-graduandos e professores da Universidade de Passo Fundo (UPF) localizaram fragmentos de possíveis utensílios cerâmicos em região do Parque Estadual Serra das Andorinhas
Durante pesquisa de campo no Parque Estadual Serra das Andorinhas, em São Geraldo do Araguaia, no Pará, 10,2 mil artefatos do período pré-colonial foram encontrados por estudantes e professores da especialização em Cultura Material e Arqueologia da Universidade de Passo Fundo (UPF).
Os achados, que incluem fragmentos de possíveis utensílios como vasilhames cerâmicos de diferentes formatos, foram divulgados pela instituição nesta sexta-feira (26). As descobertas aconteceram na Vila de Santa Cruz, em “um dos maiores sítios arqueológicos de arte rupestre a céu aberto do mundo”, de acordo com a UPF.
Com a supervisão de quatro professores, um grupo de 25 estudantes acampou no sítio-escola para aprender a ter responsabilidade com os materiais, realizando a higienização, catalogação e estudos das peças. Logo na primeira etapa das aulas, com duração de uma semana, a equipe descobriu os milhares de itens.
“A partir deste estudo de campo, temos a perspectiva de desenvolver ações de médio a longo prazo no Parque Serra das Andorinhas e arredores”, conta a coordenadora da especialização, a professora Dra. Jacqueline Ahlert, em comunicado.
Segundo a docente, o estudo teve o objetivo de mapear processos muito diferentes, que vão desde ocupações pré-coloniais, com muita presença de cerâmica, de material lítico, até a ocupação histórica recente, dado que existe hoje uma pequena vila de moradores em cima do sítio arqueológico, que continua interagindo com o local. “Então os processos históricos pelos quais as pessoas passaram também são evidenciados na pesquisa arqueológica”, ela pontua.
O Parque Estadual Serra das Andorinhas traz vestígios de grupos pré-ceramistas e ceramistas. Ao todo, são 44 sítios arqueológicos e outros 16 sítios ceramistas a céu aberto, além de 370 cavernas, registradas por especialistas da Fundação Casa da Cultura de Marabá. Na região aconteceu também a Guerrilha do Araguaia, movimento armado ocorrido entre o final da década de 1960 e meados da década de 1970.
De acordo com Ahlert, a realidade que mistura passado e presente ajuda os pesquisadores a compreender melhor a passagem do tempo, uma vez que a população atual interage com os resquícios das civilizações passadas enquanto constrói, em cima delas, sua própria história.
Além das atividades de campo, os pós-graduandos envolvidos na pesquisa da área farão estudos no laboratório da Fundação Casa da Cultura de Marabá, ao lado de pesquisadores de todo o Brasil. A previsão é de que a conclusão da análise dos artefatos ocorra no início de 2023.
“Buscamos ampliar o levantamento arqueológico na área da Serra das Andorinhas e aprofundar os conhecimentos a respeito do registro arqueológico contido nessa área de estudo, que apresenta um alto potencial científico, de acordo com estudos preliminares desenvolvidos na área nas últimas décadas”, afirma a professora.