Lago na Antártida desaparece abruptamente, mostram imagens de satélite
Um lago grande, profundo e coberto por gelo desapareceu abruptamente na Antártida, conforme mostra um estudo publicado no periódico Geophysical Research Letters nesta sexta-feira (25). Considerado raro, o evento aconteceu na plataforma de gelo Amery, localizada na região leste do continente.
De acordo com a pesquisa, o fenômeno ocorreu em junho de 2019, no inverno antártico, e resultou na perda de 600 a 750 milhões de metros cúbicos de água, que foram despejados no oceano.
A quantidade de líquido corresponde ao dobro do volume da Baía de San Diego, nos Estados Unidos, e fez com que o entorno do lago subisse 36 metros. Imagens de radar revelam que o episódio durou uma semana ou menos.
“Acreditamos que o peso da água acumulada nesse lago abriu uma fissura na plataforma de gelo abaixo dele, em um processo conhecido como hidrofraturamento”, explica, em nota, o glaciologista Roland Warner, da Universidade da Tasmânia, na Austrália.
O hidrofraturamento já havia sido observado no colapso de plataformas de gelo menores na Península Antártica, mas não costuma ser visto em gelos com 1.400 metros de espessura, como é o caso da Amery.
Após a drenagem, uma depressão parecida com uma cratera surgiu na superfície da plataforma, onde antes ficava o lago. A cavidade, que foi classificada como uma dolina de gelo, ocupa 11 quilômetros quadrados e contém restos fraturados da cobertura glacial.
Por meio do satélite ICESat-2, da Nasa, os pesquisadores descobriram que, apesar da perda de água ter deixado a plataforma mais leve, a superfície de gelo caiu 80 metros na dolina. Além disso, os cientistas constataram que a disrupção modificou 60 quilômetros quadrados da paisagem local.
Segundo os autores do artigo, ainda é cedo para afirmar que a drenagem do lago está relacionada a tendências maiores, como o aquecimento do clima.
“Esse evento abrupto foi, aparentemente, o ponto mais alto do acúmulo e do armazenamento de água derretida que vinha ocorrendo há décadas”, finaliza o pesquisador Jonathan Kingslake, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
Por Revista Galileu