Maior árvore do Brasil, angelim-vermelho de 88,5 metros está ameaçado por avanço do desmatamento
Floresta Estadual do Paru (Pará), que abriga o espécime, foi uma das áreas protegidas mais desmatadas em novembro, mostra SAD-Imazon
O aumento na devastação da Amazônia tem ameaçado cada vez mais a Floresta Estadual do Paru, no norte do Pará, onde está localizada a maior árvore já identificada no Brasil, um angelim-vermelho de 400 anos de idade, 88,5 metros de altura e quase 10 metros de circunferência. Isso equivale a 2,5 vezes a estátua do Cristo Redentor ou a um prédio de 30 andares.
A Flona do Paru, um santuário de angelins com mais de 70 metros de altura, foi a terceira unidade de conservação mais desmatada na Amazônia em novembro, de acordo com estudo divulgado nesta terça-feira (20) pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
De acordo com o Instituto, até final de novembro, já existiam mais de trinta Cadastros Ambientais Rurais (CARs) – áreas declaradas como de propriedade privada – sobrepostos à unidade, o que indica que desmatadores estão pressionando pela posse desses lotes.
“A Flota do Paru é um verdadeiro santuário das árvores gigantes na Amazônia. Por isso, é extremamente grave que o desmatamento esteja avançando sobre o local. O governo paraense precisa urgentemente cancelar esses registros ilegais e retirar os invasores da unidade de conservação”, alerta Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira da Flota.
O angelim-vermelho gigante foi encontrado em setembro de 2022, após uma busca que durou cerca de três anos e cinco expedições feitas por cientistas, sob a liderança do Instituto Federal do Amapá (Ifap).
Assista abaixo ao momento e que a árvore foi encontrada:
Além da Flota do Paru, a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu (PA) e Resex Chico Mendes (AC) figuram nas primeiras posições do ranking de áreas protegidas mais desmatadas da Amazônia em novembro.
Desmatamento em alta
O desmatamento cresceu 23% na Amazônia em novembro, atingindo 590 km², o equivalente à cidade de São Luís, capital do Maranhão. Este foi o pior resultado para o mês desde 2008, quando o Imazon iniciou seu Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD).
Quase metade da derrubada registrada no mês em toda Amazônia ocorreu apenas no Pará, que perdeu 276 km² de floresta (47% do total). O Mato Grosso ocupou a segunda colocação, com 82 km² de floresta destruídos (14%), e o Amazonas a terceira, com 66 km² (11%). Juntos, esses estados somaram 72% de toda a devastação na Amazônia Legal.
Quando considerado o acumulado do ano – janeiro a novembro –, o desmatamento registrado foi de 10.286 km², o que equivale à devastação de 3 mil campos de futebol por dia. Essa também é a pior marca para o período em 15 anos.
Para ler a análise completa do SAD/Novembro, clique aqui.
Por: Cristiane Prizibisczki
Fonte: O Eco