Marca brasileira lança calçados feitos com “couro” de abacaxi
A Insecta Shoes, conhecida pelos calçados sem gênero e veganos, lançou mais uma novidade. Dessa vez, a marca resolveu apostar em dois modelos produzidos com Piñatex, uma imitação de couro produzida com abacaxi. O material é feito com fibras das folhas da fruta – não reaproveitadas – e é denominado como tecido não tecido (TNT).
As sandálias Argia e Lampiris agora têm uma versão com o têxtil vegetal na cor preta. No Instagram, a marca afirmou que foram “anos de paquera” até dar início à produção dos calçados utilizando material ecológico e biodegradável. Para fazer um metro quadrado são necessárias 480 folhas de abacaxi. Após isso, as fibras são enviadas para a Espanha, onde a transformação acontece. Elas são extraídas das folhas durante um processo intitulado de descasque, que é feito na plantação por comunidades agrícolas locais. Em seguida, passam por um processo industrial para se tornarem um têxtil.
Moda consciente e resistente
“Como o abacaxi é a segunda fruta mais popular do mundo, a produção mundial gera 25 milhões de toneladas de lixo todo ano. O que é considerado ‘lixo’ pode virar um tecido super resistente e flexível para o seu calçado”, esclarece a marca. Além de não ser proveniente de origem animal, o sistema de produção do tecido gera biomassa, a matéria que pode ser usada como fertilizante agrícola e biogás.
O tecido é semelhante ao couro, mas com a vantagem de ser um produto sustentável. O lançamento dos calçados é uma cooperação entre a Insecta Shoes e a empresa Asha – The Eco Based Company, que produz as peças próprias e usa a matéria-prima do abacaxi para fazer parcerias com outras marcas. Apresentado comercialmente em 2015, o Piñatex foi idealizado por Carmen Hisoja, especialista em design de peças de couro e foi concebido pela empresa Ananas Anam. Foram sete anos de estudo até chegar a esse resultado.
A descoberta do Piñatex
Em 1990, quando a empresa espanhola prestava consultoria para indústrias nas Filipinas, a designer se deparou com uma realidade nada agradável na produção em massa de curtume, e foi a partir daí que ela resolveu apostar nas folhas de abacaxi. Enquanto pesquisava sobre fibras naturais, descobriu que dava para reaproveitar as fibras da fruta. Depois de passar pelo processo chamado decortificação, que é basicamente a extração das folhas da fruta, as fibras são transformadas em rolos de malha não tecida. Após isso, os rolos são encaminhados para a Espanha, onde é finalizado o acabamento, deixando-o com aspecto de couro. O trabalho final tem sido utilizado na indústria da moda, em móveis e automóveis. Além disso, as renomadas marcas Puma e Hugo Boss já apostaram na nova alternativa.